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Em grampo, Medina teme ser "dedurado"
Gravação da PF mostra ministro do STJ investigado na Operação Hurricane preocupado em ser delatado pelo irmão, um dos presos
Em diálogo com colega do STJ, Paulo Medina diz sobre sua situação: "Se o Virgílio não me dedurar...'; para defesa, temor é "natural"
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Gravações feitas pela Polícia
Federal poucos dias após a deflagração da Operação Hurricane (furacão, em inglês) registraram o ministro Paulo Medina, do STJ (Superior Tribunal
de Justiça), em conversa com
seu amigo e colega de tribunal
Paulo Galotti, demonstrar
preocupação em ser delatado
por seu irmão, Virgílio Medina,
um dos presos na ação da PF.
Virgílio foi acusado de negociar com bingueiros, por R$ 1
milhão, sentença que seria proferida por seu irmão. Paulo Medina concedeu liminar liberando 900 máquinas caça-níqueis
que haviam sido apreendidas
pela polícia, exatamente da forma como Virgílio havia combinado com a máfia dos bingos,
segundo interceptações telefônicas feitas pela PF.
No pedido ao STF (Supremo
Tribunal Federal) de prisão dos
envolvidos com a quadrilha, o
procurador-geral da República,
Antônio Fernando de Souza,
afirmou que Paulo Medina era
o beneficiário final da propina
recebida por seu irmão.
Na conversa com Galotti,
Paulo Medina diz que seu caso
está muito ligado à situação de
seu irmão. Ele dá a entender
que sua absolvição depende de
seu irmão não entregá-lo. "Se o
Virgílio não me dedurar..."
Os dois ministros do STJ
passam, então, a tratar da defesa de Paulo Medina. Galotti
aconselha Paulo a só definir sua
estratégia após tomar conhecimento do depoimento que seria prestado por Virgílio dias
depois. Chega a dar sugestões
sobre quais caminhos o advogado do amigo, Antonio Carlos
de Almeida Castro, o Kakay, deveria seguir. Paulo concorda
com as dicas dadas por Galotti.
Kakay admitiu que Paulo está preocupado com a linha de
defesa que seu irmão vai adotar. Porém, considerou a reação
de seu cliente normal, alegando
que os dois não se falam desde
que Virgílio foi preso (ele continua detido), há cerca de 40 dias.
"Como não sabemos qual linha
que Virgílio vai assumir, é natural ter essa preocupação."
Kakay reafirmou, contudo,
que seu cliente nada tem a ver
com o suposto envolvimento
de Virgílio com a máfia dos bingos. Diz que o nome de Paulo
Medina foi usado sem o conhecimento do ministro.
Galotti disse que é amigo de
Paulo Medina há cerca de 20
anos. Afirmou que os dois se falavam antes das prisões realizadas pela polícia na Operação
Hurricane e que continuaram a
se falar desde então.
Admitiu que já conversaram
sobre a defesa dele, mas afirmou que não se lembra especificamente do diálogo em que
Paulo teria demonstrado medo
de ser dedurado pelo irmão.
O ministro Galotti ressaltou
também que, dada sua proximidade com Paulo Medina, se declarou impossibilitado de participar do julgamento do amigo
no processo interno aberto pelo STJ sobre o caso.
Galotti disse estar muito
preocupado com o estado de
saúde do amigo, devido à pressão que tem sofrido nas últimas
semanas, e contou que Paulo
Medina está convencido de que
provará sua inocência.
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