São Paulo, segunda, 25 de maio de 1998

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PAINEL

Mais um problema
Se resolver fazer a transposição das águas do rio São Francisco, obra estimada em cerca de R$ 1,5 bi, o governo terá dificuldade de arrumar dinheiro com os bancos internacionais. Razão: eles não querem financiar obras de grande impacto ambiental.

Boi na linha
Provocou crise no MEC a divulgação ontem de nota sobre acordo com os servidores das universidades federais para a suspensão da greve até quarta. Os negociadores do ministério não sabiam e combinaram coisa diferente com os sindicalistas.

Só com mágica
A propaganda de Marta Suplicy na TV começa hoje com um dilema: mostrar que ela é candidata ao governo paulista (pesquisas do PT mostram que a maioria das pessoas ainda não sabe disso), apesar de, por lei, ela não poder fazer campanha.

Contratação polêmica±±±
A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) de São Paulo contratou o escritório de advocacia Bandeira de Melo por R$ 240 mil, sem licitação. Detalhe: ele é do advogado que defende o presidente da estatal, Goro Hama.

Fogueira das vaidades
Tucanos e o Planalto tentavam ontem pôr panos quentes em mal-estar com o publicitário Nizan Guanaes por conta de notícia de que ele perderia poder na campanha de FHC. Reafirmaram que ele seria o coordenador, o que não fora negado.

Zero a zero
O governador José Maranhão (PMDB-PB) e o senador Ronaldo Cunha Lima saíram decepcionados da eleição do diretório. Maranhão ganhou por pouco (215 a 209), e não garantiu sua recandidatura. O senador sofreu a 1ª derrota séria no partido.

Guerra de números
Ramiro Wahrhaftig, secretário de Educação paranaense, diz que o governador Lerner (PSDB) investiu "quase o dobro da determinação constitucional" e não menos, como acusa o senador Requião (PMDB).

Causa mortis
No ano passado, das 182 mortes de policiais militares em São Paulo, apenas 15 ocorreram em situações de confronto quando o policial estava a serviço. Isso representa 7% do total. O número de suicídios é maior: 17.

Balança desequilibrada
Para o ombudsman da polícia paulista, Domingos Mariano, o baixo número de mortes de policiais em confronto deixa sob suspeita a tese do comando da PM de que a maioria das mortes de civis (foram 264 em 97) ocorre nessas situações.

União inédita
As sete prefeituras, sindicatos e empresas do ABC em São Paulo farão um mutirão para tentar erradicar o analfabetismo em dois anos. O ato inicial será no dia 3 de junho no sindicato dos metalúrgicos. Estima-se que haja 250 mil analfabetos na região.

Contramão da história±±±
Contribuição da Delegacia Regional do Trabalho do DF à Marcha Global contra a Exploração do Trabalho Infantil, que chega dia 30 a Genebra: extinguir o núcleo de erradicação do trabalho infantil em Brasília.

Ação inusitada
Professores ficaram intrigados com o material escolar que receberam da Prefeitura de São Paulo: máquinas de moer carne. "É espantoso. A maioria das escolas nem tem cozinha", diz o vereador Adriano Diogo (PT).

Fator reeleição
Os partidos de esquerda consultaram o TSE sobre a legalidade do uso do disque 900 para arrecadar fundos para a campanha. Avaliam que, neste ano, será mais difícil conseguir recursos do que em eleições passadas.

Qualquer semelhança...
Nelson Valente lança na quinta, na livraria Saraiva do Shopping Iguatemi em São Paulo, o livro "Luz, Câmara, Jânio Quadros em Ação. O Avesso da Comunicação". O ex-presidente Fernando Collor já disse que irá.

E-mail:painel@uol.com.br

TIROTEIO

De Guilherme Palmeira (PFL), senador e ex-governador de Alagoas, sobre as soluções em discussão para tentar resolver ou reduzir os problemas causados pela seca no Nordeste:
- O problema não é construir adutoras. Adutoras até que o Nordeste tem bastante. O problema é que a água fica no meio do caminho, nas fazendas dos ricos.

CONTRAPONTO

Respeito à hierarquia
Depois de derrotar Fernando Henrique Cardoso na eleição para a Prefeitura de São Paulo em 85, Jânio Quadros fez uma longa viagem pela Europa.
Não foi a primeira vez que Jânio fez isso depois de vencer uma eleição. Além de ficar longe de pressões, sabia que sua ausência estimularia a curiosidade da mídia e dos eleitores.
Na volta, o visual de Jânio surpreendeu todos. Ele havia deixado a barba crescer e estava usando-a como o presidente norte-americano Abraham Lincoln: sem bigodes.
No final de sua primeira conversa com os repórteres, Jânio ouviu de um jornalista:
- O sr. fica muito bem de barba, prefeito.
Jânio sorriu e agradeceu:
- Obrigado, a Eloá (mulher de Jânio) também acha.
O então prefeito deu alguns passos, voltou-se para o repórter e disparou:
- Mas a opinião dela é muito mais importantes do que a sua.



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