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São Paulo, quarta-feira, 25 de junho de 2003

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LÍNGUA SOLTA

Presidente diz que nem Congresso nem Judiciário podem obstruir o Brasil

Lula afronta Poderes e diz que só Deus impedirá êxito do país

Lula Marques/Folha Imagem
Marisa da Silva, presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente José Alencar, durante cerimônia ontem no Palácio do Planalto


LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao reiterar a promessa de retomada do crescimento econômico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que nem o Congresso Nacional nem o Poder Judiciário conseguirão impedi-lo de colocar o Brasil em posição de destaque. Sem citar diretamente as reformas tributária e da Previdência propostas pelo Executivo, Lula disse que "só Deus" poderia obstruir seu trabalho.
Depois de afirmar que "a cada dia que passa, a cada dificuldade", ele se sente o "brasileiro mais otimista que esse país já teve", Lula afirmou, em tom exaltado: "Pode ficar certo que não tem chuva, não tem geada, não tem terremoto, não tem cara feia, não tem um Congresso Nacional, não tem um Poder Judiciário -só Deus será capaz de impedir que a gente faça esse país ocupar o lugar de destaque que ele nunca deveria ter deixado de ocupar. Eu acredito nisso e vou trabalhar para isso".
Juízes e promotores têm feito críticas às reformas da Previdência e até propuseram um sistema diferenciado para o Judiciário. No Congresso o governo, apesar de ter maioria, enfrenta resistência aos projetos, principalmente ao da Previdência.
Lula afirmou ainda que serão necessários sacrifícios de todos os setores para que o prometido "espetáculo" do crescimento ocorra.
"Nós sabemos as dificuldades. Mas sabemos também que se não houver determinação, eu diria que quase um trabalho de abnegação de todas as pessoas, a gente não consegue o intento", disse.

Escorchantes
O presidente também prometeu o fim dos juros "escorchantes" (muito elevados) cobrados por financeiras e disse que o governo vai emprestar dinheiro para consumo a 2% ao mês.
"O que nós vamos fazer é criar todas as condições para que os juros possam ser reduzidos para que as pessoas que peguem dinheiro não paguem as coisas escorchantes que pagam hoje", disse Lula em discurso na cerimônia de premiação do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem da Indústria) na CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Em resposta às críticas de imobilismo da máquina do governo, passados seis meses de mandato, Lula disse que o governo trabalhará com "mais intensidade".
"Agora nós vamos começar a fazer as coisas internamente com mais intensidade. Por que fazer com mais intensidade? Porque de vez em quando as pessoas querem que as coisas aconteçam com uma rapidez que nada acontece no mundo", disse.
Lula foi aplaudido efusivamente quando prometeu fazer a transposição de águas no Nordeste e quando criticou o fechamento de instituições de governo por escândalos de corrupção sem a criação de um órgão substituto.
"Muitas vezes, em busca de acabar com a corrupção num canto, você acabava com a instituição e o corrupto era premiado com outro cargo em outra instituição para continuar roubando. Isso não é possível", disse Lula. Em julho, o governo pretende recriar a Sudene -extinta no governo Fernando Henrique Cardoso.

Graças ao Senai
A cerimônia da qual o presidente participou foi para a entrega dos prêmios do Programa Senai Solidário e de Criatividade dos Docentes da entidade.
Em seu discurso, Lula lembrou que foi graças a um curso do Senai que virou torneiro mecânico e conseguiu chegar à Presidência. Ele fez diversas menções a sua origem humilde e à necessidade de sonhar e de superar obstáculos.
Na cerimônia, o presidente da CNI, o deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), defendeu o sistema de contribuição do sistema S (Sesi, Senai, Sesc e Sebrae). Lula disse que pode haver "erros" nessa estrutura, mas que não se pode acabar com ela sem ter uma proposta melhor.


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