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Juiz foi "irresponsável", diz governo
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal, através da
Ouvidoria Agrária Nacional, chamou de "irresponsável" o juiz que
condicionou a reintegração de
posse de uma área à contratação
de uma empresa de segurança
particular para protege-la.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a
UDR (União Democrática Ruralista) também criticaram a decisão do juiz de Taubaté (SP).
"Vamos procurar o Ministério
da Justiça, o Tribunal de Justiça e
a Procuradoria Geral de Justiça do
Estado para tornar sem efeito a
decisão e fazer todo o trâmite necessário para que esse juiz sofra
algum ato de sanção por sua irresponsabilidade", afirmou a ouvidora agrária nacional substituta,
Maria de Oliveira.
A ouvidoria foi criada em 1999
para prevenir e controlar os conflitos fundiários. O órgão requisitou uma cópia do despacho do
juiz para pedir sua punição.
Segundo a ouvidora, a decisão
do juiz Carlos Eduardo Reis de
Oliveira, pode servir de um "perigoso" precedente para as ações
das milícias armadas, mesmo que
uma empresa legalizada venha a
ser contratada pelo Unibanco,
proprietário da fazenda.
"Esse tipo de decisão da Justiça
se torna incentivadora da violência e coloca a possibilidade de
confronto e de mortes. Nunca vi e
não vamos aceitar isso. Empresas
particulares não podem substituir
as polícias Civil e Militar na questão da segurança pública", disse.
Membro da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues chamou de "absurda" a idéia
do juiz. "É um absurdo criar um
clima para que os fazendeiros se
armem. Estamos indignados com
esse tipo de decisão, vinda de um
juiz reacionário e com descaso
com a democracia."
Luiz Antonio Nabhan Garcia,
presidente nacional da UDR, afirmou que o despacho do juiz de
Taubaté "foge completamente do
que estabelece a lei". "É claro que
o fazendeiro tem o direito de se
defender, mas ele não pode ser
obrigado a isso. É uma decisão estranha, sem pé nem cabeça."
Nos últimos anos, para o cumprimento de reintegrações de
posse, as ações da Polícia Militar
passaram a ser aperfeiçoadas. Algumas normas tornaram-se obrigatórias, principalmente após as
ações em Corumbiara (RO), em
1995, e Eldorado do Carajás (PA),
em 1996, quando sem-terra acabaram assassinados.
Atualmente, entre outras determinações, a ação deve ocorrer durante o dia e ser filmada pela PM,
e o oficial de Justiça deve estar em
pleno contato com o comandante
da operação da Polícia Militar,
que, previamente, deve informar
os detalhes do despejo aos sem-terra e o local para onde as famílias serão remanejadas.
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