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JUSTIÇA
Ela é acusada de colocar chapas reservadas em veículos particulares; juízes da Operação Anaconda também estão em denúncia
Juíza é afastada e denunciada por uso irregular de placas
LILIAN CHRISTOFOLETTI
A REPORTAGEM LOCAL
A juíza federal Adriana Pileggi
de Soveral foi afastada ontem do
Tribunal Regional Federal da 3ª
Região e denunciada por uso irregular de placas reservadas em carro particular e de familiares. A decisão do Órgão Especial, formado
pelos magistrados mais antigos,
foi por 12 votos a 3. Cabe recurso.
Com a decisão, o afastamento
de Soveral é imediato.
Além da juíza, foram denunciadas outras sete pessoas, entre elas
os juízes federais Casem Mazloum e João Carlos da Rocha
Mattos, já afastados por conta da
Operação Anaconda, que investiga venda de sentenças judiciais.
Rocha Mattos está preso.
O recebimento da denúncia
marca o fim da investigação e o
início do processo penal. Os três
juízes federais foram acusados de
crime contra a fé pública. As placas reservadas devem ser autorizadas apenas para uso em carros
oficiais sem identificação.
Para o Ministério Público Federal, que apresentou a denúncia, as
placas reservadas eram utilizadas
para escapar de multas de trânsito. Os denunciados negam. Dizem que as placas garantiam a segurança deles e de seus familiares.
Soveral e Mazloum foram denunciados pelo uso irregular das
placas (artigo 311 do Código Penal, que trata da adulteração de sinal identificador de trânsito). A
pena prevista é de três a seis anos
de prisão e multa.
Três desembargadores votaram
pelo não-recebimento da denúncia (Peixoto Júnior, Alda Bastos e
Márcio Moraes).
Os demais denunciados, além
do artigo 311, terão de responder
por crime de falsidade ideológica.
Em votação unânime pelo Órgão
Especial, foram acusados de fraudar a expedição do ofício para
conseguir as placas reservadas. A
pena máxima prevista são cinco
anos de prisão.
Nessa situação está o juiz Rocha
Mattos, a ex-mulher dele Norma
Regina Cunha (presa), os policiais
federais Aloysio Rodrigues, José
Augusto Bellini (preso) e César
Herman (preso) e uma ex-mulher
de Bellini.
No ano passado, Soveral recorreu ao Superior Tribunal de Justiça para tentar trancar a investigação, o que foi negado.
Ao determinar a continuidade
da investigação, a ministra Ellen
Gracie, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou que as placas "podem ser usadas apenas em
veículos públicos, nunca em autos
particulares" e que "não se pode
presumir que a função de magistrada possa revestir de legalidade
o uso de placas reservadas".
Em uma conversa registrada em
escuta telefônica feita pela Polícia
Federal durante a Operação Anaconda, o agente da PF César Herman telefonou para Rocha Mattos
e perguntou se seriam quatro placas, "duas deles, uma de Casem e
outra da juíza Adriana".
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