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Fobia numérica
faz PT adotar
projeto genérico
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cobrado durante quase
quatro anos por metas que
não cumpriu totalmente, o
PT está com fobia numérica. O novo programa de
governo do partido será
genérico, cheio de "linhas-força" e "metas políticas".
"Botar meta só atrapalha", resume o presidente
nacional do partido, Ricardo Berzoini. O partido
considera que, em 2002,
cometeu uma overdose
aritmética, cravando números para crescimento
econômico, salário mínimo e geração de empregos.
Ficou devendo em todos.
A mais conhecida é a dos
10 milhões de empregos,
embora o partido depois
tenha tentado recuar, dizendo que era apenas uma
estimativa do que seria necessário para o país. O PT
chegou ao ponto de fazer
submetas dentro dessa
meta: seriam 5,33 milhões
advindos do crescimento
econômico, 3,2 milhões
pela redução da jornada de
trabalho -que nunca houve- e 1,47 milhão por uma
tal "mudança no padrão de
gastos públicos". Até agora, Lula chegou a 6,4 milhões, entre empregos formais e informais.
Outra meta que assombra o partido até hoje é a
de dobrar o valor real do
salário mínimo. Lula passou longe: o aumento não
chega a 50%. Para tentar
contornar essa realidade,
o partido aderiu ao revisionismo -diz que dobrou
o poder de compra de cestas básicas.
A do crescimento econômico era a mais ambiciosa. Lula prometeu incremento anual do PIB de
5% em média, e não excluiu picos de 7%, o que
transformaria o Brasil
num tigre sul-americano.
"O Brasil já demonstrou,
historicamente, uma vocação para crescer em torno de 7% ao ano. É essa vocação que o nosso governo
vai resgatar", dizia o programa de Lula em 2002.
De novo, o desempenho
ficou bem aquém do prometido. O PIB aumentou
0,5% em 2003, 4,9% em
2004, 2,5% no ano passado e deve ficar no máximo
em 4,5% neste ano.
Em 2006, o partido está
vacinado. "Queremos ter
metas qualitativas, de política social, desenvolvimento. Números são para
o planejamento do governo", diz Valter Pomar, do
programa de governo.
Outro membro da comissão, Glauber Piva, afirma que o partido não quer
ficar "amarrado". "Não vamos trabalhar com metas,
números cheios. Queremos trabalhar com idéias-força", diz.
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