|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Amigos dizem que desgaste já atinge Alagoas
CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ
Após uma semana difícil
-em que a perícia questionou documentos apresentados para atestar a veracidade
de sua movimentação financeira-, até os mais afinados
aliados admitem que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sofre
um forte desgaste, capaz de
derrubá-lo da função. Para o
ex-governador e amigo Manoel Gomes de Barros, por
sua resistência, Renan tem
sido "heróico".
"Acho a situação desgastante para o presidente do
Senado. Para liderar o Congresso, tem que se estar acima de suspeitas", avalia o ex-governador, tratado por Renan como "Doutor Mano".
Afirmando que o companheiro de bancada cometeu
"erros de procedimento"
-entre eles, o "açodamento"- o senador João Tenório
(PSDB) reconhece: "Pode
acontecer qualquer coisa.
Torço para que aconteça o
melhor para ele [Renan].
Mas não consigo vislumbrar
com clareza".
Segundo Tenório, Renan
"tem exata percepção de que
o desgaste existe". "É inexorável. A questão é saber qual
é o tamanho." O próprio presidente do Senado teria feito
essa avaliação na quinta-feira, durante almoço com Tenório e o governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho
(PSDB). Desde a explosão da
crise, Teotonio viajou duas
vezes a Brasília, disposto a
conter o tucanato.
No almoço, Renan teria
afirmado que se apressou na
tentativa de evitar arranhões
em sua imagem. Mas, como
os danos são inevitáveis, adotou a estratégia de prolongar
o processo. "Ele está triste. E
consciente de que houve desgaste e do que pode acontecer", contou Teotonio.
"Renan não está com
aquele entusiasmo, aquela
fortaleza interior que estou
acostumado", disse Tenório.
Segundo aliados, a crise
(sempre mais aguda em Brasília) já contaminou Alagoas.
"As pessoas comentam: ganho um salário-mínimo e a
amante do Renan ganha
R$ 12 mil. Não têm dimensão
de que é o presidente do Senado", lamenta Mano.
Preocupado, o líder do governo na Assembléia Legislativa de Alagoas, Alberto
Sexta-Feira (PSB), defende
uma mobilização dos aliados
para neutralizar esse desgaste. "Falei com Remi [Calheiros, irmão do presidente do
Senado]. Vamos fazer uma
reunião na terça-feira", disse
Sexta-Feira.
Recém-afastado de Renan
e Teotônio -que fizeram críticas ao seu legado- o ex-governador Ronaldo Lessa
(PDT) afirma que "parece
não ter escapatória". "Olhando de fora, fica a idéia de que
se foi explicar uma relação
extraconjugal e a coisa foi só
piorando", comentou.
Texto Anterior: Aliados e Planalto buscam "saída honros" Próximo Texto: Corregedoria do Senado vai analisar suspeitas sobre Roriz Índice
|