São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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Amigos dizem que desgaste já atinge Alagoas

CATIA SEABRA
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

Após uma semana difícil -em que a perícia questionou documentos apresentados para atestar a veracidade de sua movimentação financeira-, até os mais afinados aliados admitem que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sofre um forte desgaste, capaz de derrubá-lo da função. Para o ex-governador e amigo Manoel Gomes de Barros, por sua resistência, Renan tem sido "heróico".
"Acho a situação desgastante para o presidente do Senado. Para liderar o Congresso, tem que se estar acima de suspeitas", avalia o ex-governador, tratado por Renan como "Doutor Mano".
Afirmando que o companheiro de bancada cometeu "erros de procedimento" -entre eles, o "açodamento"- o senador João Tenório (PSDB) reconhece: "Pode acontecer qualquer coisa. Torço para que aconteça o melhor para ele [Renan]. Mas não consigo vislumbrar com clareza".
Segundo Tenório, Renan "tem exata percepção de que o desgaste existe". "É inexorável. A questão é saber qual é o tamanho." O próprio presidente do Senado teria feito essa avaliação na quinta-feira, durante almoço com Tenório e o governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB). Desde a explosão da crise, Teotonio viajou duas vezes a Brasília, disposto a conter o tucanato.
No almoço, Renan teria afirmado que se apressou na tentativa de evitar arranhões em sua imagem. Mas, como os danos são inevitáveis, adotou a estratégia de prolongar o processo. "Ele está triste. E consciente de que houve desgaste e do que pode acontecer", contou Teotonio.
"Renan não está com aquele entusiasmo, aquela fortaleza interior que estou acostumado", disse Tenório.
Segundo aliados, a crise (sempre mais aguda em Brasília) já contaminou Alagoas. "As pessoas comentam: ganho um salário-mínimo e a amante do Renan ganha R$ 12 mil. Não têm dimensão de que é o presidente do Senado", lamenta Mano.
Preocupado, o líder do governo na Assembléia Legislativa de Alagoas, Alberto Sexta-Feira (PSB), defende uma mobilização dos aliados para neutralizar esse desgaste. "Falei com Remi [Calheiros, irmão do presidente do Senado]. Vamos fazer uma reunião na terça-feira", disse Sexta-Feira.
Recém-afastado de Renan e Teotônio -que fizeram críticas ao seu legado- o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) afirma que "parece não ter escapatória". "Olhando de fora, fica a idéia de que se foi explicar uma relação extraconjugal e a coisa foi só piorando", comentou.


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