São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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CAMPANHA

Um dia após dizer que José Carlos Martinez não deu "um centavo" à sua campanha, candidato confirma uso de avião

Ciro admite uso de jatinho de líder do PTB

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Embora tenha declarado que não recebeu nenhum centavo do coordenador da sua campanha, José Carlos Martinez (PTB-PR), Ciro Gomes, presidenciável do PPS, disse ontem em Belo Horizonte que já fez uma viagem com o avião do deputado paranaense.
Martinez deve à família de Paulo César Farias, ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello assassinado em 1996, parcelas de um antigo empréstimo no valor de US$ 1,6 milhão.
"Usei o avião dele uma vez", disse Ciro, quando indagado pela Agência Folha. E repetiu que as relações privadas do coordenador da sua campanha não interessam a ele. "Com todo o respeito, essa "forçação de barra" que vocês estão tentando fazer, e não tenho nenhum problema com ela, é papel de vocês. Agora, não conte com minha colaboração para isso, que é uma enviesada tentativa de lançar sobre minha candidatura suspeição que não me cabe."
Ciro disse que Martinez deu sustentação ao presidente Fernando Henrique Cardoso nos dois mandatos presidenciais e que nem por isso foi levantada nenhuma suspeição contra ele.
"Agora, tenta-se levantar uma suspeição sem nenhum inquérito, sem nenhuma representação do Ministério Público", afirmou ele.
O presidenciável disse que nem o fato de Martinez ter declarado ser amigo da família Farias pode comprometê-lo, listando, mais uma vez, uma série de políticos e técnicos que trabalharam com Collor e apóiam o governo FHC.

"Critério"
Ciro disse que a imprensa tem o direito de investigar, mas que isso deve ser feito com "critério". "Acho que vocês têm um serviço a prestar à sociedade do Brasil. Interessa que vocês vasculhem com profundidade, com serenidade, mas é preciso ter critério."
Ele voltou a dizer que, se durante a campanha alguma coisa de errado aparecer contra um colaborador seu, ele será afastado.
"Qualquer pessoa, e não é o caso do Martinez, que na mínima circunstância estiver envolvida em algum tipo de irregularidade, estará instantaneamente afastada [da campanha". Ele [Martinez" não está respondendo por nenhuma irregularidade, tudo mais é uma "forçação de barra" a serviço notório do desespero eleitoral do candidato oficial [José Serra"."
O candidato do PPS participou de um encontro com prefeitos da região metropolitana de Belo Horizonte, dos quais recebeu apoio político. Dos 34 prefeitos da região, 30 declararam apoio.
Ao desembarcar na capital mineira, ele teve encontro com o governador Itamar Franco (sem partido), no hangar do governo, anexo ao aeroporto da Pampulha. Itamar, que voltava de Juiz de Fora, ficou sabendo que Ciro estava chegando e quis vê-lo.
A conversa entre os dois demorou cerca de 15 minutos. Ciro disse que não falaram de eleição e que ele não pediu apoio a Itamar, que apóia Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Um homem da altura do Itamar não pode ser aliciado."
No fim da tarde, antes de seguir para Betim e Nova Lima, caminhou pelo centro da cidade.

Ataques à Folha
Ciro voltou a criticar a Folha ontem, desta vez para dizer que, quando tenta usar o seu tempo para falar do seu programa de governo, é interrompido por um repórter do jornal.
"Tenho um punhado de idéias para serem melhoradas no debate, mas aí vem um jornalista da Folha perguntar para deixar embutidas suspeições [referindo-se ao caso Martinez"."
Em comício em Nova Lima (região metropolitana de Belo Horizonte), o candidato afirmou que não é um ""salvador da pátria com chicote na mão".
Falando a cerca de 5.000 pessoas -segundo estimativa da Polícia Militar- junto à igreja de Nossa Senhora do Pilar, Ciro disse: ""Estou feliz por estar aqui, aos pés de Nossa Senhora do Pilar, porque Deus tem sido generoso comigo".



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