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CAMPANHA
Um dia após dizer que José Carlos Martinez não deu "um centavo" à sua campanha, candidato confirma uso de avião
Ciro admite uso de jatinho de líder do PTB
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Embora tenha declarado que
não recebeu nenhum centavo do
coordenador da sua campanha,
José Carlos Martinez (PTB-PR),
Ciro Gomes, presidenciável do
PPS, disse ontem em Belo Horizonte que já fez uma viagem com
o avião do deputado paranaense.
Martinez deve à família de Paulo César Farias, ex-tesoureiro de
Fernando Collor de Mello assassinado em 1996, parcelas de um antigo empréstimo no valor de US$
1,6 milhão.
"Usei o avião dele uma vez",
disse Ciro, quando indagado pela
Agência Folha. E repetiu que as
relações privadas do coordenador
da sua campanha não interessam
a ele. "Com todo o respeito, essa
"forçação de barra" que vocês estão tentando fazer, e não tenho
nenhum problema com ela, é papel de vocês. Agora, não conte
com minha colaboração para isso, que é uma enviesada tentativa
de lançar sobre minha candidatura suspeição que não me cabe."
Ciro disse que Martinez deu
sustentação ao presidente Fernando Henrique Cardoso nos
dois mandatos presidenciais e
que nem por isso foi levantada nenhuma suspeição contra ele.
"Agora, tenta-se levantar uma
suspeição sem nenhum inquérito,
sem nenhuma representação do
Ministério Público", afirmou ele.
O presidenciável disse que nem
o fato de Martinez ter declarado
ser amigo da família Farias pode
comprometê-lo, listando, mais
uma vez, uma série de políticos e
técnicos que trabalharam com
Collor e apóiam o governo FHC.
"Critério"
Ciro disse que a imprensa tem o
direito de investigar, mas que isso
deve ser feito com "critério".
"Acho que vocês têm um serviço a
prestar à sociedade do Brasil. Interessa que vocês vasculhem com
profundidade, com serenidade,
mas é preciso ter critério."
Ele voltou a dizer que, se durante a campanha alguma coisa de errado aparecer contra um colaborador seu, ele será afastado.
"Qualquer pessoa, e não é o caso
do Martinez, que na mínima circunstância estiver envolvida em
algum tipo de irregularidade, estará instantaneamente afastada
[da campanha". Ele [Martinez"
não está respondendo por nenhuma irregularidade, tudo mais é
uma "forçação de barra" a serviço
notório do desespero eleitoral do
candidato oficial [José Serra"."
O candidato do PPS participou
de um encontro com prefeitos da
região metropolitana de Belo Horizonte, dos quais recebeu apoio
político. Dos 34 prefeitos da região, 30 declararam apoio.
Ao desembarcar na capital mineira, ele teve encontro com o governador Itamar Franco (sem
partido), no hangar do governo,
anexo ao aeroporto da Pampulha.
Itamar, que voltava de Juiz de Fora, ficou sabendo que Ciro estava
chegando e quis vê-lo.
A conversa entre os dois demorou cerca de 15 minutos. Ciro disse que não falaram de eleição e
que ele não pediu apoio a Itamar,
que apóia Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Um homem da altura do
Itamar não pode ser aliciado."
No fim da tarde, antes de seguir
para Betim e Nova Lima, caminhou pelo centro da cidade.
Ataques à Folha
Ciro voltou a criticar a Folha
ontem, desta vez para dizer que,
quando tenta usar o seu tempo
para falar do seu programa de governo, é interrompido por um repórter do jornal.
"Tenho um punhado de idéias
para serem melhoradas no debate, mas aí vem um jornalista da
Folha perguntar para deixar embutidas suspeições [referindo-se
ao caso Martinez"."
Em comício em Nova Lima (região metropolitana de Belo Horizonte), o candidato afirmou que
não é um ""salvador da pátria com
chicote na mão".
Falando a cerca de 5.000 pessoas
-segundo estimativa da Polícia
Militar- junto à igreja de Nossa
Senhora do Pilar, Ciro disse: ""Estou feliz por estar aqui, aos pés de
Nossa Senhora do Pilar, porque
Deus tem sido generoso comigo".
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