São Paulo, terça-feira, 25 de julho de 2006

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Painel

Renata Lo Prete @ - painel@uol.com.br

A partilha

Trecho do livro que Roberto Jefferson (PTB) lançará antes das eleições: "Não é à toa que todos os debates sobre corrupção suscitados pelas CPIs passaram pelo tema dos cargos nas estatais. Porque a política, de certa forma, tornou-se irrelevante no Brasil".
Segue o homem que denunciou o mensalão: "O importante é ter um homem forte no lugar certo, onde se decide como se aplica o dinheiro. Por isso todos os líderes e presidentes de partidos vivem atrás de cargos (...) Os partidos não participam mais da discussão sobre um projeto para o país e vivem mergulhados numa guerra de pressões pela partilha de cargos, que o governo usa para diluir focos de insatisfações". O livro vai se chamar "Nervos de Aço".

Alto risco. Lula foi ousado ao dividir o palanque com Humberto Costa em Recife. Documentos analisados pela CPI dos Sanguessugas mostram, no dizer de mais de um integrante da comissão, envolvimento "contundente" do ex-ministro da Saúde na negociação com a Planam.

Olheiro. Preocupado com o efeito do escândalo sobre a campanha de Costa ao governo de Pernambuco, o PT escalou Paulo Rubem para uma sub-relatoria da CPI. Ligado à esquerda, o deputado quase deixou o partido este ano.

Aviso prévio. Ofício encaminhado em novembro de 2003 à pasta da Saúde pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso recomendava explicitamente a suspensão de convênios com três empresas, entre elas a Planam, por suspeita de fraude na compra de ambulâncias.

Joio. O depoimento de Luiz Antônio Vedoin ao Ministério Público contém apenas menções vagas a respeito de vários dos incluídos na nova lista de parlamentares sanguessugas. Em alguns casos, o filho do dono da Planam diz que a quadrilha das ambulâncias tentou negociar com os citados, mas "não deu jogo".

Trigo. Por outro lado, integrantes da CPI estranharam que outros parlamentares citados por Vedoin, alguns com evidências bastante claras de participação no escândalo, não tenham aparecido na nova relação de envolvidos.

Dois pesos. O PFL, que em recente programa de televisão levou ao ar uma galeria de acusados de cometer irregularidades no governo Lula, vai esperar pela conclusão da CPI antes de tomar qualquer atitude em relação aos seus próprios sanguessugas.

Temático. Lula desembarca no fim de semana no Sul para falar de educação. O PT aposta no tema para reconquistar o eleitorado da região. Em Porto Alegre, a claque será formada por jovens e professores, em evento para cerca de 15 mil pessoas.

Foto. O PT gaúcho fará festa com a visita de Lula. Olívio Dutra vai colar no presidente na tentativa de afastar a idéia de "corpo mole" do Planalto com sua candidatura.

Pé atrás. Geraldo Alckmin desistiu de fazer um ato com a parcela do PMDB que apóia sua candidatura. "A imprensa ia ficar contando os ausentes em vez de ver quem foi", queixa-se um dos comandantes da campanha tucana.

Pensão. A estratégia de Heloísa Helena de se hospedar na casa de militantes do PSOL já gera disputa. No Rio, após convites de vários candidatos a deputado, a senadora foi diplomática e optou pela casa de seu vice, César Benjamin.

Visita à Folha. Tomás Hirsch, ex-candidato da coalizão de esquerda chilena "Juntos Podemos", visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Plínio de Arruda Sampaio, candidato do PSOL ao governo de São Paulo, de Ivan Valente (PSOL-SP), deputado federal, de Fernanda Mendes e Alessandro Sammojini, assessores de imprensa do Partido Humanista.

Tiroteio

Alckmin é tão forte com o crime que conseguiu incentivar sua organização em todo o Estado de São Paulo.


Do deputado federal JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT-SP), em resposta ao candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, que acusou Lula de ser "fraquinho com o crime".

Contraponto

Moção de repúdio

Ariano Suassuna foi a estrela de um evento de campanha do presidente Lula no domingo passado em Olinda. O escritor, que, aos 79 anos, disputa uma vaga de deputado federal pelo PSB de Pernambuco, subiu ao palco e iniciou sua fala com palavras de modéstia:
-Nem sei o que estou fazendo aqui. Sou apenas um velho escritor- disse o autor de clássicos como "O Auto da Compadecida" e "A Pedra do Reino".
O ex-ministro Ciro Gomes reagiu de bate pronto:
-Não apoiado!
Ao que Suassuna respondeu, aliviado:
-Ainda bem que alguém se manifestou...


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