São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br Panela velha

Anunciada por Lula três dias depois da tragédia em Congonhas, a construção de um novo aeroporto em São Paulo será discretamente deixada em banho-maria. Ciente de que a empreitada terá efeito prático zero sobre a atual crise, dados os anos necessários à sua concretização, a cúpula do governo tende a priorizar a ampliação das instalações já existentes.
Além de Guarulhos e Viracopos, o Planalto agora aposta na reforma da pista de Jundiaí, operada pelo governo estadual. Acha que, em cerca de 90 dias, seus 1.400 m poderiam ser convertidos em 1.700 m e, com alguns acréscimos de infra-estrutura, concentrar o tráfego de jatos de menor porte e particulares.

Meu garoto. A lei que criou a Anac, de 2005, foi vetada pelo Executivo no artigo que previa a possibilidade de diretores serem afastados pelo Congresso. A determinação partiu da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), madrinha do presidente da agência, Milton Zuanazzi, que hoje depõe à CPI do Apagão Aéreo.

Suadouro. Outro depoente de hoje na comissão, o vice-presidente da TAM Ruy Amparo será recebido por Vic Pires (DEM-PA) com a pergunta: "O sr. teria coragem de pôr seu filho para voar num avião com reversor quebrado?".

Quase nada. A direção da TAM disse à CPI, ontem em São Carlos, que o uso pleno de reversores traria um ganho de apenas 55 m na frenagem de um Airbus-A320. "Para aviões que param na cabeceira da pista, faz diferença", diz Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Milhagem. Depois dos EUA, onde acompanham a abertura da caixa-preta do Airbus, e de São Carlos, onde vistoriaram base da TAM, membros da CPI já falam em visitar hangares de manutenção de aeronaves nos aeroportos de São Paulo, Guarulhos, Porto Alegre e Curitiba.

Quase parando. Obra tida como fundamental para absorver o movimento de carga de Viracopos, liberando-o para passageiros, o aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) anda a passos de tartaruga, apesar de estar no PAC.

Cenografia. Ottoni Fernandes, responsável pela propaganda do governo e subordinado ao ministro Franklin Martins (Comunicação), supervisionou ontem pessoalmente a entrevista coletiva da cúpula do setor aéreo.

Pressão. Familiares das vítimas do acidente de Congonhas terão encontro com o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Marzagão, até sexta. Eles querem mais agilidade na identificação dos corpos. Ontem, um grupo já esteve no IML para checar se há estrutura.

Memória. A família de Antonio Carlos Magalhães não deve realizar missa de sétimo dia nem de um mês por sua morte. A homenagem será feitas na igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, no dia 4 de setembro, quando o senador completaria 80 anos.

Calculadora. O Ministério da Justiça ainda busca fórmula para criar o piso nacional salarial para policiais, um dos pilares do Pronasci. A área econômica do governo alertou para o efeito cascata que a medida teria nos vencimentos de superiores e oficiais.

Oxigenada. Investigada no esquema da Operação Aquarela, a ATP, empresa de processamento bancário, foi buscar no mercado financeiro nome de peso para melhorar a imagem. Recrutou o ex-diretor do BC Sergio Darcy para o Conselho de Administração.

Visita à Folha. Julio Neves, diretor-presidente do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Paulo Alves, assessor de comunicação.
Tiroteio

"Se não gosta de vaia, Lula tomou a decisão certa. A recepção seria ruim se ele viesse a Porto Alegre falar de PAC sem ter aparecido para dar apoio aos familiares dos mortos no acidente."


Da deputada LUCIANA GENRO (PSOL-RS) sobre Lula, que depois da queda do avião da TAM cancelou ida ao Rio Grande do Sul, terra de boa parte das vítimas, preferindo ir ao Nordeste.

Contraponto

Patrulha da fumaça

Walfrido dos Mares Guia recebeu dias atrás no Planalto a visita inesperada de Wilma de Faria (PSB-RN). Como a agenda do ministro das Relações Institucionais estava tomada, a governadora teve de esperar. Fumante, foi acomodada num jardim interno reservado aos tabagistas.
Minutos depois, Mares Guia veio a seu encontro:
-Que bom que a senhora está aqui! Eu estava justamente recebendo uma pessoa que poderá lhe ajudar.
Intrigada, pois ainda não havia esclarecido qual era seu pleito, a governadora viu surgir o ministro José Temporão (Saúde), antitabagista militante, que foi logo fazendo cara de reprovação ao cigarro exibido pela visitante.


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