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Gautama é recordista de obras paralisadas pelo TCU
Construtora, pivô da Operação Navalha, teve recursos suspensos em 5 projetos
A empreiteira OAS tem 4 obras paradas, e a Queiroz Galvão, 3; irregularidades consideradas graves pelo tribunal motivaram decisão
THIAGO REIS
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
A Gautama, pivô da Operação Navalha, a OAS, empresa de
origem de Zuleido Veras (dono
da Gautama), e a Queiroz Galvão, também citada no inquérito da operação, são as três empreiteiras recordistas em obras
paralisadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) devido
a irregularidades consideradas
graves pelo tribunal.
A Operação Navalha da Polícia Federal, deflagrada em
maio, investiga o desvio de recursos públicos por meio de
fraudes em obras. A Gautama,
segundo a PF, era o centro do
esquema, no qual foi apontado
envolvimento de funcionários
públicos e políticos. Na segunda-feira, a CGU (Controladoria
Geral da União) declarou a empresa "inidônea para contratar
com a administração pública".
Levantamento feito pela Folha aponta que cinco construções da Gautama tiveram repasses de recursos federais suspensos, segundo a lista de 36
obras paradas, que o TCU recomendou que não recebessem
emendas parlamentares para o
Orçamento de 2007.
Ao todo, os contratos sob
suspeita com a empreiteira somam R$ 499,96 milhões, em
valores originais.
Em segundo lugar, com quatro obras, está a OAS, construtora baiana da qual Veras foi
executivo antes de fundar a
Gautama, há 12 anos. A OAS
tem R$ 538,62 milhões em contratos com problemas.
A obra para a construção da
adutora de Italuís, que abastece
São Luís (MA) de água, é tocada
tanto pela Gautama quanto pela OAS. Segundo o TCU, as irregularidades, que motivaram
suspensão em 2003, vão de indícios de superfaturamento à
falta de licença ambiental.
A Queiroz Galvão, com sede
no Rio de Janeiro, aparece em
terceiro na lista, com três
obras. Em resumo que fez das
investigações da PF, a ministra
do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon descreve circunstâncias que levantam suspeitas em licitação de R$ 153
milhões para pavimentação da
BR-402 no Maranhão.
De acordo com o resumo de
Calmon, o contrato foi vencido
pela Queiroz Galvão "dentro de
uma acomodação já prevista
pela organização, sendo certo
que a vencedora sempre esteve
como parceira da Gautama".
Essa obra não está na lista das
36 paradas.
Os contratos com supostas
irregularidades da Queiroz
Galvão somam R$ 1,09 bilhão.
Entre eles, está um de R$ 924
milhões, que se refere à expansão do sistema de trens urbanos de Teresina (PI). O TCU
encontrou irregularidades no
processo licitatório que teriam
restringido a competitividade.
Também foram encontrados
problemas em obras para irrigação no litoral do Piauí e na
construção de trechos rodoviários da BR-401, em Roraima.
A ARG e a Egesa, outras empreiteiras que tiveram três
obras paralisadas em razão de
irregularidades graves, completam a lista.
Na maior obra com irregularidades da ARG, para a construção de trechos da BR-393, no
Espírito Santo, foram verificados indícios de sobrepreço e
problemas no projeto básico
que geraram gastos desnecessários. Os contratos da ARG valem, juntos, R$ 248,12 milhões.
Já a Egesa venceu contratos
para a construção da BR-230 e
BR-235 na divisa entre Maranhão e Tocantins. Neles, foram
detectados sobrepreço, superfaturamento e reajustamento
irregular. Ao todo, foram R$
176 milhões em contratos firmados com a Egesa.
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