São Paulo, sábado, 25 de julho de 2009

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Oposição agora vai pedir cassação de Sarney

PSDB afirma que vai ingressar com representações no Conselho de Ética contra o senador a cada denúncia que surgir

DEM também decidiu pedir a cassação do mandato de Sarney; PT divulga nota na qual pede a apuração dos fatos e do vazamento da PF

ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As novas denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), fizeram a oposição mudar de tática: DEM e PSDB deixarão de pedir seu afastamento do cargo e passarão a defender a cassação de seu mandato. Para isso, decidiram ingressar no Conselho de Ética com representações por quebra de decoro parlamentar.
Cumprida a promessa da oposição, Sarney enfrentará ao menos seis processos no conselho, um a mais que seu aliado Renan Calheiros (PMDB-AL). Acusado em 2007 de ter contas pessoais pagas por um lobista, Renan foi absolvido -após renunciar à presidência- graças ao apoio do PMDB e do PT, que hoje sustentam Sarney.
Partidos da oposição decidiram ir ao conselho depois da revelação de conversas telefônicas entre Sarney, um de seus filhos, Fernando, e a neta, no qual eles tratam da nomeação do namorado dela para uma vaga no Senado. Henrique Dias Bernardes foi contratado por ato secreto oito dias depois. Os diálogos foram divulgados pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
O Conselho de Ética do Senado é formado por maioria governista e presidido pelo senador Paulo Duque (PMDB-RJ), segundo suplente de Sérgio Cabral (PMDB). Duque, que considera os atos secretos "uma bobagem", tem poderes para arquivar as representações se considerar que os fatos relatados são de período anterior ao mandato ou improcedentes. Da decisão cabe recurso ao próprio plenário do conselho.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse que o número de representações pode ser ainda maior, porque o partido já tomou a decisão política de ingressar no conselho contra Sarney a cada denúncia nova que aparecer.
"Neste instante não há outra alternativa. O plenário não irá resolver mais nada. O presidente Lula substituiu o plenário", disse. Lula já fez várias declarações em defesa de Sarney.
Segundo o líder tucano, Arthur Virgílio (AM), o partido irá transformar em representação todas as quatro denúncias que ele apresentou ao conselho e deve fazer isso já na próxima semana, ainda durante o recesso, para acelerar o processo.
Sarney é acusado, entre outras coisas, de tráfico de influência para contratar parentes e conhecidos no Senado, de se beneficiar dos atos secretos, de receber auxílio-moradia ilegalmente e de ter mentido ao informar que não tem gerência sobre a Fundação José Sarney.
A Folha apurou que o DEM também decidiu pedir a cassação do mandato de Sarney. O líder do partido, José Agripino (RN), irá reunir a bancada para discutir o assunto. "Vou propor na reunião que diante dos novos fatos o partido ingresse com representação", disse.
Três dias depois de divulgados os diálogos que ligam Sarney aos atos secretos, o líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), divulgou nota na qual defendeu a investigação dos fatos e do vazamento das conversas interceptadas pela PF.
"Também deve ser apurada a divulgação de conversas telefônicas do senador José Sarney, que constam em inquérito que tramita sob segredo de Justiça." Segundo ele, o PT não se opõe à convocação do Conselho de Ética no recesso, mas não anunciou nenhuma medida para propor a convocação.


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