São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2001

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SENADOR SOB PRESSÃO

Juíza Rosileide Cunha determina que documentos permaneçam sob sigilo e ordena perícia nos papéis

Decisão favorece Jader no caso Banpará

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) teve ontem uma vitória judicial no caso Banpará (Banco do Estado do Pará). A juíza federal do Pará Rosileide Maria Cunha Barros determinou que os documentos do caso sejam submetidos a uma perícia judicial, atendendo a pedido do senador.
O pedido foi feito pelo próprio Jader em ação cautelar chamada de ""produção antecipada de provas". Na ação, o senador alegou estar havendo manipulação de dados em seu prejuízo, inclusive com a divulgação de informações inexistentes no processo.
A perícia será feita principalmente no relatório do inspetor do Banco Central Abrahão Patruni Júnior e na nota técnica do Ministério Público Federal, que o incriminam. Segundo Antônio Mariz, um dos advogado de Jader, a Justiça nomeará um perito que vai trabalhar com dois assistentes técnicos indicados por cada parte. A outra parte na ação é o Ministério Público do Pará e o Banpará, que forneceram os documentos usados na feitura da nota técnica.
A juíza determinou também que esses documentos sejam mantidos em sigilo.
Após o resultado da perícia, Jader pretende entrar com ação pedindo que a Justiça declare sua inocência e, na mesma sentença, condene os responsáveis pela manipulação dos dados [se isso for comprovado" ao pagamento de indenização por danos morais.
Mariz disse ainda não saber contra quem será movida a ação de indenização. Isso será definido após o resultado da perícia, caso se confirme a manipulação de dados com o objetivo de prejudicar o senador. Ele admitiu que o alvo poderá ser, por exemplo, o Banco Central. Com essa perícia, os advogados de Jader querem provar a ausência de culpa do senador

Investigações
Os senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson Péres (PDT-AM) não consideram fundamental, para as investigações contra Jader, seu depoimento na comissão do Conselho de Ética, marcado para a próxima quarta-feira.
Para eles, na próxima semana a comissão já terá elementos suficientes para decidir se propõe ou não abertura de processo por quebra de decoro contra Jader, mesmo sem suas explicações.
A tendência é sugerir a abertura do processo, com base nos indícios de seu suposto envolvimento nos desvios de recursos do Banpará, quando era governador do Estado. Tuma e Péres não acreditam que Jader possa apresentar novidades no depoimento que alterem o convencimento dos senadores.
Segundo eles, a fase apropriada para que Jader apresente sua defesa - inclusive indicando testemunhas, se quiser- será durante o processo de cassação, caso ele seja realmente aberto pelo Conselho de Ética.
"Já dá para fazer o relatório sem ouvi-lo. Tanto faz o senador Jader vir ou não vir na quarta-feira. O que se espera é que ele reitere os termos dos discursos que já fez em plenário. Não me parece essencial [o depoimento]", disse Péres. O senador do PDT disse que a comissão terá limitações para interpelar Jader. "Temos dificuldade em não dar um tratamento cortês, lhano [afável] a um colega. Não podemos encostá-lo na parede", afirmou.
Tuma, que coordena as investigações da comissão -da qual faz parte também o senador João Alberto (PMDB-MA)-, concorda que o depoimento de Jader nessa fase de investigação preliminar não é fundamental.



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