|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
O governador Alckmin (SP) comparou "centralização" do governo federal ao período militar; Aécio (MG) cobrou reequilíbrio da Federação
Tucanos atacam poder centralizado pelo PT
RICARDO BRANDT
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dois principais governadores
do PSDB, Geraldo Alckmin (São
Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais), criticaram ontem a "centralização" do governo federal. Alckmin comparou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
ao período militar, e Aécio disse
temer o surgimento de um "governo totalitário" no Brasil.
"Hoje percebe-se nitidamente
uma centralização equivocada. O
período militar tinha essa visão
centralizadora", afirmou o governador de São Paulo.
O ministro da Casa Civil, José
Dirceu, não quis comentar as declarações dos governadores. "Tenho de ficar quietinho. Tem muita gente me provocando".
Para Alckmin, o governo federal tem adotado medidas que têm
como objetivo o "enfraquecimento dos Estados". "Não tem uma
semana que você não tenha uma
decisão que prejudique mais os
Estados", afirmou.
Alckmin classificou de "pacote
de maldades" a reforma tributária
proposta pelo governo federal.
"A carga tributária aumentou
em cima da Cofins (Contribuição
para Financiamento da Seguridade Social) e do PIS, que é tudo
com o governo federal", observou. "A bondade é em cima do
Imposto de Renda e do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que os Estados e municípios estão pagando."
Para ele, "o que se arrecada [fica] 100% para a União; [a parte]
que abre mão tira dos Estados e
municípios". O governador paulista também aproveitou para criticar a União por conta da segurança. Alckmin cobrou repasses
do Fundo Nacional de Segurança.
"Devia ter o critério "arrecadou,
repassou". Fazer superávit primário em cima de morte das pessoas...", disse, referindo-se as seis
mortes de moradores de rua que
ocorreram em São Paulo na semana passada.
O governador paulista cobrou
ainda um melhor tratamento aos
Estados por parte da União.
"Eu acho que os Estados são
parceiros e [espero] que sejam
melhor tratados."
Reequilíbrio
Aécio Neves, que esteve ontem
em São Paulo para participar da
campanha à prefeitura do tucano
José Serra, demonstrou afinação
com o colega paulista. "Ou reequilibramos a Federação ou teremos um governo totalitário no
país", disse.
Aécio destacou que "estamos
vivendo a mais perversa concentração de receitas tributárias nas
mãos da União da nossa história
republicana". Ele chamou a atenção para a possibilidade de Estados e municípios se tornarem dependentes politicamente do governo federal.
"A concentração cada vez maior
de recursos (...) faz com que a dependência financeira, sobretudo
dos Estados mais frágeis da Federação, possa ter como conseqüência também uma dependência
política, o que é extremamente
grave."
O governador defendeu ainda
que o PT não deve entender o debate sobre um pacto federativo
como algo contra o governo federal. "Isso [concentração de recursos] não se iniciou no governo Lula. Vem até antes do governo Fernando Henrique [Cardoso]. Só
que vem se agravando numa velocidade muito grande", analisou o
governador mineiro.
"Hoje, se nós temos 72% dos recursos nas mãos da União, e prevalecer essa lógica, chegaremos ao
final do governo Lula com uma
acumulação ainda maior do que
essa, o que não atende sequer aos
interesses do governo federal,
muito menos da sociedade brasileira."
Para Aécio, a perda de capacidade de endividamento dos Estados
não deve interessar ao governo federal. "Os Estados precisam readquirir capacidade de investir. A
não ser que a União queira que
eles sejam todos dependentes do
governo federal."
O governador defendeu que a
discussão sobre o pacto federativo não deve abranger apenas aspectos tributários, mas também
as "responsabilidades" de Estados e municípios.
"Dentro disso, dentro dos limites da Lei de Responsabilidade
Fiscal, é possível que alguns avanços ocorram para que alguns municípios não morram", afirmou
Aécio Neves.
Texto Anterior: Rio: Candidato é acusado de distribuir alimento por ONG da qual Garotinho é membro Próximo Texto: Frases Índice
|