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Intelectuais rejeitam "silêncio" de filósofa
DA REDAÇÃO
As teses da filósofa Marilena
Chaui no ciclo de palestras "O Silêncio dos Intelectuais" dividiram
opiniões no meio acadêmico. Ela
justificou o silêncio dos intelectuais sobre a crise política e contrastou "intelectuais" e "ideólogos". A professora disse que a discussão política da crise está sendo
pautada pelos tucanos, os "ideólogos", que estão "cada vez mais
tagarelas". A Folha ouviu cientistas políticos sobre essas idéias.
"Eu acho o silêncio dos intelectuais de esquerda muito triste",
diz José Luciano Dias, pesquisador do Ibep (Instituto Brasileiro
de Pesquisas Políticas). Para ele,
isso "é mais uma comprovação de
uma tendência antiga de não condenar suas lideranças quando elas
são pegas na prática de atos os
mais condenáveis". "Como não
conseguem dizer que o [deputado
do PTB] Roberto Jefferson é um
cara da oposição, que o Delúbio
[Soares, ex-tesoureiro do PT] é
um cara da oposição, eles não
conseguem reagir a isso".
Leôncio Martins Rodrigues,
professor aposentado da Unicamp, disse que os intelectuais de
esquerda já cometeram muitos
erros, como "o apoio servil a regimes totalitários", e para evitar novos erros "é bom mesmo que se
calem. Ou que só se pronunciem
sobre sua especialidade. Mas, aí,
deixariam de ser intelectuais".
A professora do Departamento
de Ciência Política da Unicamp
Raquel Meneguello critica a tese
do silêncio. "É nosso dever de ofício ajudar a compreender a situação atual, os meandros da crise".
Renato Lessa, professor do Iuperj (Instituto Universitário de
Pesquisas do Rio de Janeiro), discorda. "Mais grave que o silêncio
é o dogmatismo, a não-autenticidade, os que denunciam discursos como errados."
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ironizou anteontem Chaui, que disse que o governo do PT "caiu em uma armadilha tucana de que os petistas não
se deram conta". Ele respondeu:
"Ela tem um belo trabalho sobre
Espinoza. Se vocês me perguntarem alguma coisa sobre Espinoza,
vou dizer: "eu não sei". Acho que
ela deve ter a humildade de dizer
"não entendo de política'".
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