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Aldo quer levar em setembro ao plenário a emenda que acaba com o voto secreto
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), afirmou ontem que vê condições
políticas para votar, no esforço
concentrado de setembro (dias
4, 5 e 6), a PEC (proposta de
emenda constitucional) que
acaba com o voto secreto no
plenário. A mudança ocorreria
no momento em que o Congresso analisa processos de cassação de congressistas envolvidos na máfia dos sanguessugas.
Segundo Aldo, a mudança na
regra não é para cassar deputados. Há dois meses, antes de o
escândalo ser descoberto, o assunto foi discutido entre líderes e houve consenso.
"Não estamos mudando para
cassar ninguém. Estamos mudando porque é mais democrático o voto aberto. Não tem
mais imperador, nem regime
autoritário, nem ameaça sobre
a liberdade dos deputados. Estamos mudando por causa disso, e não porque tem A, B ou C
sendo julgados", justificou o
presidente da Câmara.
A exigência constitucional de
que as votações de cassação sejam secretas tem sido apontada
como um dos motivos da falta
de punição aos acusados de integrar o mensalão -de 19 deputados, só três foram cassados.
Mas a mudança será difícil.
Além de ser ano eleitoral, a
pauta da Câmara está trancada
por 20 medidas provisórias e
seis projetos de lei com urgência constitucional (com prioridade de votação). A Folha apurou que, como o governo deseja
aprovar o projeto da Lei Geral
das Micro e Pequenas Empresas, as urgências devem ser retiradas. Há ainda uma orientação para votar as MPs, mesmo
se for para derrotá-las, e deixar
as polêmicas para o Senado.
Ainda que a haja tempo para
votar o fim do voto secreto, por
ser uma PEC, ela precisa ser
aprovada em dois turnos, nas
duas Casas, e por três quintos
dos parlamentares (308 na Câmara e 49 no Senado).
Por conta dessas dificuldades, os primeiros processos do
caso dos sanguessugas deverão
ocorrer sob o voto secreto. A
Folha apurou que parte da Mesa da Câmara interpreta que, se
a emenda for aprovada ao longo
dos julgamentos, não haverá
inconveniente jurídico em mudar a regra no meio do jogo,
pois não haveria cerceamento
do direito de defesa. Ou seja, alguns parlamentares seriam julgados com o voto secreto e outros com o aberto.
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, também defendeu a
emenda. "O ideal é que não
houvesse voto secreto."
(MALU DELGADO E RANIER BRAGON)
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