São Paulo, segunda-feira, 25 de agosto de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Em queda, Alckmin tenta desmontar gestão Kassab

Líder na pesquisa Datafolha, Marta (PT) deverá apostar na divisão dos ex-aliados

Coordenador de campanha diz que voto em tucano é "progressista", enquanto escolha do prefeito seria uma opção "conservadora"

Alex Almeida/Folha Imagem
Gilberto Kassab, de triciclo, inaugura comitê em Itaquera, em SP


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O crescimento da candidatura de Gilberto Kassab à reeleição, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, pôs fim à possibilidade de um acordo entre democratas e tucanos já no primeiro turno para transformar Marta Suplicy (PT) em alvo preferencial e exclusivo do prefeito e de Geraldo Alckmin. Ao invés disso, o ex-governador e candidato tucano deverá intensificar as críticas à atual administração paulistana, que tem o PSDB entre seus quadros, como forma de tentar evitar que a boa avaliação do prefeito -40% de ótimo e bom- se transfira para o candidato.
Outro flanco em que ele deverá investir para convencer o eleitorado antipetista será vender a idéia de que Kassab representa o "continuísmo". "O Kassab é o voto conservador. O Geraldo é o voto progressista, de mudança", afirmou ontem o deputado federal Edson Aparecido, coordenador-geral da campanha tucana.
De acordo com o Datafolha publicado ontem, Marta tem 41% das intenções de voto, contra 24% de Alckmin, 14% de Kassab e 9% de Maluf (PP). Em relação ao levantamento anterior, o tucano caiu oito pontos e o democrata subiu três, menos de uma semana após o início do horário eleitoral gratuito.
Até a semana passada, emissários do ex-governador e candidato tucano tentavam convencer Kassab de que, transcorridos dez dias da propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão, se o democrata não reagisse, deveria mirar Marta. A proposta foi rechaçada.
Entre os petistas, a avaliação é que, quanto mais os históricos aliados no Estado se digladiarem, mais aumentarão as chances da petista no segundo turno e até mesmo a possibilidade de ela liquidar a fatura já na primeira fase da disputa. Marta, a exemplo do que fez semana passada, continuará provocando os adversários, que disputam o apoio de Serra, enquanto trará oficialmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para sua campanha.

Dinamite
A estratégia de "dinamitar" a administração Kassab, no entanto, esbarra no fato de o atual prefeito ser o substituto do governador José Serra (PSDB), que trocou o município pelo Estado em 2006. Nesse sentido, críticas ao primeiro atingiriam o segundo. Por conta disso, os democratas dizem que Alckmin é um candidato sem discurso.
"Nós temos discurso, o que o Geraldo não tem é dinheiro, é máquina. Nós vamos apontar os problemas da cidade", afirmou Aparecido. O próprio Alckmin vai na mesma linha: "Não farei críticas a pessoas, mas vamos apontar os problemas que interessam ao povo". Por enquanto, o principal alvo dos ataques continuará sendo a saúde.
A resposta foi dada por um tucano kassabista, o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman. "Alckmin admite que a administração é boa. Querer evitar que essa aprovação se transforme em votos para o prefeito Kassab é menosprezar a inteligência do eleitor. Atacar a administração municipal que foi iniciada por Serra e tem, ainda hoje, maioria de secretários e subprefeitos do PSDB é atacar Serra e o partido."


Colaborou FERNANDO BARROS DE MELLO, da Reportagem Local

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