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Fazenda se contradiz sobre questionamento a Lina
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A assessoria do Ministério da
Fazenda entrou em contradição ao tentar explicar uma conversa do ministro Guido Mantega com Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal, sobre
a fiscalização do órgão nas empresas da família do senador
José Sarney (PMDB-AP).
Conforme a revista "Veja", o
assessor de imprensa Ricardo
Morais disse, ao justificar o encontro, que "o ministro quis saber a razão pela qual detalhes
da investigação da Receita sobre o filho de Sarney estavam
saindo nos jornais".
A confirmação de que Mantega tratou do assunto com Lina reforça, segundo aliados da
ex-secretária, sua versão sobre
suposto encontro que afirma
ter tido com Dilma Rousseff
(Casa Civil) no final de 2008.
Em entrevista à Folha, Lina
disse que a ministra lhe pediu
para "agilizar" a investigação
sobre empresas da família Sarney, o que entendeu como recado para encerrar a fiscalização. Dilma nega o encontro.
Procurado ontem pela Folha, Morais confirmou, num
primeiro momento, suas declarações na revista. Acrescentou
que a conversa entre Mantega e
Lina ocorreu no ano passado,
"quando começaram a vazar"
informações da ação do fisco.
A primeira reportagem com
detalhes da fiscalização sobre
as empresas comandadas por
Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, foi publicada no dia 25 de julho deste ano
pela Folha. Fazia duas semanas que Lina fora demitida.
Ou seja: não fazia sentido o
ministro pedir satisfação a uma
servidora afastada. Ao ser confrontado com essa informação,
Morais mudou sua versão.
Negou, então, que havia confirmado à "Veja" uma conversa
entre Mantega e Lina, mas só
um pedido corriqueiro de informações do ministro a um
servidor, que podia não ser a
ex-secretária, mas um assessor.
Depois disse que podia não
ser em 2008, mas sim já neste
ano, numa conversa do ministro com o substituto de Lina,
Otacílio Cartaxo. A reportagem
insistiu em saber a quais reportagens com "vazamento" de dados fiscais da família Sarney
Mantega se baseou para pedir
explicações a um fiscal.
Ricardo não soube dizer. Até
o fechamento desta edição não
telefonou de volta.
A Folha fez uma busca em
seus arquivos e só encontrou
referências à ação da Receita
nas empresas da família Sarney
em textos publicados entre janeiro e fevereiro de 2008, que
só informavam que o fisco havia quebrado o sigilo fiscal das
empresas do clã Sarney, sem
revelar nenhum dado do trabalho dos auditores.
E Lina Vieira só assumiu o
comando da Receita no dia 31
de julho de 2008.
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