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Dilma deixa de ir a eventos para evitar desgaste político
Fim de tratamento de saúde ajudou na decisão de reduzir o ritmo de trabalho; ministra deve tirar férias de uma semana
Estratégia é poupar a ministra de desgastes como o ocorrido com Mercadante; para aliados, Dilma se expôs demais no caso Lina Vieira
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de se poupar do
desgaste provocado pelas acusações da ex-chefe da Receita
Federal Lina Vieira e evitar novas declarações que possam
agravar a exposição negativa
das últimas semanas, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil)
reduziu o ritmo de trabalho e
cancelou aparições em eventos.
O resguardo também tem relação com o final do tratamento
contra um câncer linfático, iniciado em abril. As sessões de radioterapia, encerradas há uma
semana, foram fisicamente
mais desgastantes para a ministra do que a quimioterapia,
segundo pessoas próximas.
Como estivesse cansada, foi
aconselhada a reduzir atividades. Além disso, ela teve uma
queimadura provocada pela radioterapia. Ficou preocupada,
mas ouviu dos médicos que se
tratava de reação normal.
Dilma passou o dia de ontem
em casa e deve voltar ao trabalho amanhã. Segundo sua assessoria, passou os dias se preparando para a reunião da próxima segunda-feira, quando irá
ocorrer o anúncio do marco regulatório do pré-sal.
Mas o afastamento de eventos públicos vem ocorrendo há
duas semanas, logo após a divulgação, pela Folha, no dia 9
de agosto, da entrevista de Lina
Vieira. A ex-secretária afirmou
que a ministra pediu a ela que a
investigação da Receita nas
empresas da família Sarney
fosse concluída rapidamente.
Logo após a viagem ao Rio
Grande do Norte, nos dias 10 e
11, Dilma cancelou a participação em três eventos em São
Paulo. Na última semana, priorizou reuniões internas.
Ela planejava ainda estar
com Lula no Rio no dia 18, mas
cancelou a viagem. Naquele
dia, Lina depôs no Senado e
reafirmou ter tido reunião a
sós com Dilma no final de 2008
para tratar de investigações relacionadas à família Sarney.
Dilma, que nega tanto o encontro quanto o pedido, não foi à
Casa Civil naquele dia. Ontem,
cancelou um seminário no Rio.
O próximo compromisso público importante deve ser apenas no dia 31, quando o governo anunciará as novas regras
para a exploração do petróleo.
A ideia é "carimbar" na ministra o efeito positivo do anúncio.
Logo após o anúncio, Dilma
deve tirar uma semana de férias -que podem ser estendidas por mais sete dias. A avaliação dos apoiadores da ministra
é que, nesse momento, o silêncio seria uma "dádiva". Eles
usam como exemplo o caso do
senador Aloizio Mercadante,
que teria sido prejudicado na
última semana pelas diversas
manifestações públicas.
Na avaliação de setores do
governo, a ministra se expôs
demais no caso Lina Vieira. Para isso, está sendo discutida a
formação de um grupo que
acompanhe as questões com
seus eventuais reflexos eleitorais, na tentativa de poupá-la.
A semana de férias deve ser
em Brasília, onde manteria
reuniões privadas. A Casa Civil
ficaria sob a tutela da secretária-executiva, Erenice Guerra.
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