São Paulo, terça-feira, 25 de agosto de 2009

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Dilma deixa de ir a eventos para evitar desgaste político

Fim de tratamento de saúde ajudou na decisão de reduzir o ritmo de trabalho; ministra deve tirar férias de uma semana

Estratégia é poupar a ministra de desgastes como o ocorrido com Mercadante; para aliados, Dilma se expôs demais no caso Lina Vieira


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na tentativa de se poupar do desgaste provocado pelas acusações da ex-chefe da Receita Federal Lina Vieira e evitar novas declarações que possam agravar a exposição negativa das últimas semanas, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) reduziu o ritmo de trabalho e cancelou aparições em eventos.
O resguardo também tem relação com o final do tratamento contra um câncer linfático, iniciado em abril. As sessões de radioterapia, encerradas há uma semana, foram fisicamente mais desgastantes para a ministra do que a quimioterapia, segundo pessoas próximas.
Como estivesse cansada, foi aconselhada a reduzir atividades. Além disso, ela teve uma queimadura provocada pela radioterapia. Ficou preocupada, mas ouviu dos médicos que se tratava de reação normal.
Dilma passou o dia de ontem em casa e deve voltar ao trabalho amanhã. Segundo sua assessoria, passou os dias se preparando para a reunião da próxima segunda-feira, quando irá ocorrer o anúncio do marco regulatório do pré-sal.
Mas o afastamento de eventos públicos vem ocorrendo há duas semanas, logo após a divulgação, pela Folha, no dia 9 de agosto, da entrevista de Lina Vieira. A ex-secretária afirmou que a ministra pediu a ela que a investigação da Receita nas empresas da família Sarney fosse concluída rapidamente.
Logo após a viagem ao Rio Grande do Norte, nos dias 10 e 11, Dilma cancelou a participação em três eventos em São Paulo. Na última semana, priorizou reuniões internas.
Ela planejava ainda estar com Lula no Rio no dia 18, mas cancelou a viagem. Naquele dia, Lina depôs no Senado e reafirmou ter tido reunião a sós com Dilma no final de 2008 para tratar de investigações relacionadas à família Sarney. Dilma, que nega tanto o encontro quanto o pedido, não foi à Casa Civil naquele dia. Ontem, cancelou um seminário no Rio.
O próximo compromisso público importante deve ser apenas no dia 31, quando o governo anunciará as novas regras para a exploração do petróleo. A ideia é "carimbar" na ministra o efeito positivo do anúncio.
Logo após o anúncio, Dilma deve tirar uma semana de férias -que podem ser estendidas por mais sete dias. A avaliação dos apoiadores da ministra é que, nesse momento, o silêncio seria uma "dádiva". Eles usam como exemplo o caso do senador Aloizio Mercadante, que teria sido prejudicado na última semana pelas diversas manifestações públicas.
Na avaliação de setores do governo, a ministra se expôs demais no caso Lina Vieira. Para isso, está sendo discutida a formação de um grupo que acompanhe as questões com seus eventuais reflexos eleitorais, na tentativa de poupá-la.
A semana de férias deve ser em Brasília, onde manteria reuniões privadas. A Casa Civil ficaria sob a tutela da secretária-executiva, Erenice Guerra.


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