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AGRICULTURA
Em alusão ao PT, presidente afirma que transformações "são tão boas" que opositores põem na TV "como se fossem deles"
Oposição usa avanços do governo, diz FHC
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em mais um dia de grande tensão no mercado financeiro, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que as conquistas
do país -como o desenvolvimento econômico e o bem-estar
da população- podem desmoronar se não for mantida uma linha de continuidade.
Também criticou indiretamente o candidato Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) por mostrar avanços
no setor pecuário em seu programa eleitoral de televisão como se
fossem conquistas da "oposição".
Em uma cerimônia oficial no
Palácio do Planalto sobre atos para o segmento agrícola, FHC afirmou que o governo deve ter "seriedade" e "competência" para
manter as conquistas, e não usar
como base a "retórica" e os "protestos sem fim".
"O Brasil terá maturidade para
seguir no rumo de um país que
sabe o que custa o crescimento, o
desenvolvimento econômico, o
bem-estar da população e sabe
que essas conquistas têm que ser
retomadas e refeitas no dia-a-dia
porque elas se esboroam [se reduzem a pó, desmoronam] depressa", afirmou o presidente.
De acordo com Fernando Henrique, seu governo conquistou a
"tranquilidade" democrática com
"diálogo", "esforço", "seriedade"
e "capacidade de dizer não".
"Se nós não prestarmos atenção, se nós não percebemos que
tudo isso é uma construção que
levou anos para ser feita, se nós
imaginarmos que está tudo assegurado, incorremos em grande
erro porque a democracia se refaz
a cada dia. A capacidade de um
povo de marchar na direção dos
países mais desenvolvidos pode
se perder em poucos meses."
Depois de citar diversos avanços do setor agrícola, FHC disse
de forma mais ampla que as conquistas "não se mantêm com retórica". "[Elas" se mantêm com
competência e trabalho e seriedade. Ninguém mantém no mundo
de hoje ou realiza avanços com
palavras. Não se realiza avanços
simplesmente com protestos,
com reivindicações sem fim. É
preciso que se tenha a capacidade
de processar as reivindicações e
que se encontre um caminho
construtivo que leve a resultados,
que não acontecem do dia para
noite", explicou.
O presidente criticou o programa eleitoral do PT que foi reprisado ontem à tarde sobre propostas
no setor da pecuária.
Nele, personalidades do setor
declaram o seu apoio a Lula e elogiam iniciativas da pecuária de
Mato Grosso do Sul, Estado governado por Zeca do PT.
"As transformações que estão
ocorrendo nesta área são tão boas
que a oposição põe na televisão
hoje. Põe na televisão como se
fosse dela, que criticou o tempo
todo que não se fazia nada, que
não se dava apoio nenhum. Agora
é glória. Tomara... A glória não é
minha, não é nossa. É do Brasil."
O presidente também disse que
hoje a sociedade superou a "febre" de reivindicar a reforma
agrária e já repudia as invasões de
terra. "Teve momentos em que
parecia que a sociedade estava
sensibilizada, e, por meio de marchas e manifestos sem fim, sitiavam o governo, como se fosse o
governo que não quisesse fazer a
transformação na propriedade
fundiária", disse FHC.
Para ele, aqueles que "atropelavam" o processo estariam querendo "atrapalhar o conjunto do
país, visando um outro tipo de sociedade que não está ao alcance de
ninguém nos dias que correm".
FHC homenageou o ministro
da Agricultura, Pratini de Moraes,
por ter conseguido sensibilizar as
áreas financeiras de seu setor.
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