São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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AGRICULTURA

Em alusão ao PT, presidente afirma que transformações "são tão boas" que opositores põem na TV "como se fossem deles"

Oposição usa avanços do governo, diz FHC

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em mais um dia de grande tensão no mercado financeiro, o presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que as conquistas do país -como o desenvolvimento econômico e o bem-estar da população- podem desmoronar se não for mantida uma linha de continuidade.
Também criticou indiretamente o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por mostrar avanços no setor pecuário em seu programa eleitoral de televisão como se fossem conquistas da "oposição".
Em uma cerimônia oficial no Palácio do Planalto sobre atos para o segmento agrícola, FHC afirmou que o governo deve ter "seriedade" e "competência" para manter as conquistas, e não usar como base a "retórica" e os "protestos sem fim".
"O Brasil terá maturidade para seguir no rumo de um país que sabe o que custa o crescimento, o desenvolvimento econômico, o bem-estar da população e sabe que essas conquistas têm que ser retomadas e refeitas no dia-a-dia porque elas se esboroam [se reduzem a pó, desmoronam] depressa", afirmou o presidente.
De acordo com Fernando Henrique, seu governo conquistou a "tranquilidade" democrática com "diálogo", "esforço", "seriedade" e "capacidade de dizer não".
"Se nós não prestarmos atenção, se nós não percebemos que tudo isso é uma construção que levou anos para ser feita, se nós imaginarmos que está tudo assegurado, incorremos em grande erro porque a democracia se refaz a cada dia. A capacidade de um povo de marchar na direção dos países mais desenvolvidos pode se perder em poucos meses."
Depois de citar diversos avanços do setor agrícola, FHC disse de forma mais ampla que as conquistas "não se mantêm com retórica". "[Elas" se mantêm com competência e trabalho e seriedade. Ninguém mantém no mundo de hoje ou realiza avanços com palavras. Não se realiza avanços simplesmente com protestos, com reivindicações sem fim. É preciso que se tenha a capacidade de processar as reivindicações e que se encontre um caminho construtivo que leve a resultados, que não acontecem do dia para noite", explicou.
O presidente criticou o programa eleitoral do PT que foi reprisado ontem à tarde sobre propostas no setor da pecuária.
Nele, personalidades do setor declaram o seu apoio a Lula e elogiam iniciativas da pecuária de Mato Grosso do Sul, Estado governado por Zeca do PT.
"As transformações que estão ocorrendo nesta área são tão boas que a oposição põe na televisão hoje. Põe na televisão como se fosse dela, que criticou o tempo todo que não se fazia nada, que não se dava apoio nenhum. Agora é glória. Tomara... A glória não é minha, não é nossa. É do Brasil."
O presidente também disse que hoje a sociedade superou a "febre" de reivindicar a reforma agrária e já repudia as invasões de terra. "Teve momentos em que parecia que a sociedade estava sensibilizada, e, por meio de marchas e manifestos sem fim, sitiavam o governo, como se fosse o governo que não quisesse fazer a transformação na propriedade fundiária", disse FHC.
Para ele, aqueles que "atropelavam" o processo estariam querendo "atrapalhar o conjunto do país, visando um outro tipo de sociedade que não está ao alcance de ninguém nos dias que correm".
FHC homenageou o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, por ter conseguido sensibilizar as áreas financeiras de seu setor.


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