São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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Tucanos admitem divergências internas, mas abafam crise na tentativa de acertar passo na reta final

Atritos, Garotinho e 2º turno abalam a campanha de Serra

RAYMUNDO COSTA
EM SÃO PAULO

Assediados por Anthony Garotinho (PSB) e sem a certeza de garantir um lugar no segundo turno, o comitê de José Serra e o PSDB passaram o dia de ontem procurando negar que há divergências sobre a condução da campanha presidencial, numa tentativa de sufocar uma crise a menos de 15 dias da eleição.
"Eles [a equipe de marketing de Serra] são muito competentes e vão acertar a sintonia fina", disse o deputado Alberto Goldman (SP), sobre as divergências na condução do programa de TV dada pelo publicitário Nizan Guanaes. "Os programas serão mais propositivos, mas sem deixar de tirar a embalagem que tem o Lula. Vamos desembalar o Lula."
Goldman, ao lado do presidente nacional do PSDB, deputado José Aníbal (SP), foi um dos tucanos que semana passada se insurgiram contra a linha de ataques a Lula no programa de Serra. O comitê de Serra saiu em defesa de Nizan, mas o fato é que as últimas edições do programa mudaram.
Além de Nizan e do comitê, o próprio Serra negou enfaticamente que tenha se desentendido com Nizan por causa dos ataques a Lula, notícia que ele atribuiu a uma tentativa de atrapalhar sua campanha. "Simplesmente não aconteceu", disse à Folha.
Serra e Nizan têm divergido sobre assuntos da campanha, mas, ao contrário do que ocorreu quando o tucano tentou a Prefeitura de São Paulo, em 1996, até agora conseguiram evitar atrito irreparável entre eles.
Recentemente, Nizan discutiu com o tucano sobre atraso de pagamentos. Houve também uma discussão sobre a agenda de Serra. Nizan, assim como o publicitário Antônio Lavareda, defendem que o tucano concentre a campanha no eixo Rio-São Paulo-Minas, pois nesta região ele poderia tirar os votos necessários para levá-lo ao segundo turno.
O problema é que Serra frequentemente precisa atender demandas políticas no Norte, Nordeste e Sul do país. Mas já cedeu e cancelou viagens como uma a Aracaju (SE), prevista para a semana passada, outra vez na agenda para a próxima sexta-feira, mas que pode não sair.
Na reta final da eleição, a preocupação de Serra deixou de ser apenas passar para o segundo turno, e sim evitar que Anthony Garotinho (PSB) lhe tome o posto.
Isso também pesou para a mudança da linha do horário eleitoral, já que na quarta-feira passada, os aliados de Serra no PSDB, PMDB e PFL assistiram aos programas de TV durante encontro em Brasília e os aprovaram. Embora a maioria tenha chegado para o encontro com restrições a ataques contra Lula.
O próprio Serra, à saída desse encontro, disse que para ser presidente não era necessário ter diploma universitário, deixando antever alguma divergência.
A crítica sufocada na reunião explodiu no fim de semana, com as pesquisas que demonstravam a estagnação da candidatura Serra havia mais de duas semanas. Para o comitê de Serra, os políticos aproveitaram um momento de dificuldade da candidatura, a estagnação, para atacar uma linha que antes haviam aplaudido.
Aníbal e Goldman estiveram na linha de frente, mas o presidente Fernando Henrique Cardoso também reprovou os ataques a Lula. Nizan reagiu negativamente à interferência dos políticos.



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