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Tucanos admitem divergências internas, mas abafam crise na tentativa de acertar passo na reta final
Atritos, Garotinho e 2º turno abalam a campanha de Serra
RAYMUNDO COSTA
EM SÃO PAULO
Assediados por Anthony Garotinho (PSB) e sem a certeza de garantir um lugar no segundo turno, o comitê de José Serra e o
PSDB passaram o dia de ontem
procurando negar que há divergências sobre a condução da campanha presidencial, numa tentativa de sufocar uma crise a menos
de 15 dias da eleição.
"Eles [a equipe de marketing de
Serra] são muito competentes e
vão acertar a sintonia fina", disse
o deputado Alberto Goldman
(SP), sobre as divergências na
condução do programa de TV dada pelo publicitário Nizan Guanaes. "Os programas serão mais
propositivos, mas sem deixar de
tirar a embalagem que tem o Lula.
Vamos desembalar o Lula."
Goldman, ao lado do presidente
nacional do PSDB, deputado José
Aníbal (SP), foi um dos tucanos
que semana passada se insurgiram contra a linha de ataques a
Lula no programa de Serra. O comitê de Serra saiu em defesa de
Nizan, mas o fato é que as últimas
edições do programa mudaram.
Além de Nizan e do comitê, o
próprio Serra negou enfaticamente que tenha se desentendido
com Nizan por causa dos ataques
a Lula, notícia que ele atribuiu a
uma tentativa de atrapalhar sua
campanha. "Simplesmente não
aconteceu", disse à Folha.
Serra e Nizan têm divergido sobre assuntos da campanha, mas,
ao contrário do que ocorreu
quando o tucano tentou a Prefeitura de São Paulo, em 1996, até
agora conseguiram evitar atrito
irreparável entre eles.
Recentemente, Nizan discutiu
com o tucano sobre atraso de pagamentos. Houve também uma
discussão sobre a agenda de Serra. Nizan, assim como o publicitário Antônio Lavareda, defendem
que o tucano concentre a campanha no eixo Rio-São Paulo-Minas, pois nesta região ele poderia
tirar os votos necessários para levá-lo ao segundo turno.
O problema é que Serra frequentemente precisa atender demandas políticas no Norte, Nordeste e Sul do país. Mas já cedeu e
cancelou viagens como uma a
Aracaju (SE), prevista para a semana passada, outra vez na agenda para a próxima sexta-feira,
mas que pode não sair.
Na reta final da eleição, a preocupação de Serra deixou de ser
apenas passar para o segundo turno, e sim evitar que Anthony Garotinho (PSB) lhe tome o posto.
Isso também pesou para a mudança da linha do horário eleitoral, já que na quarta-feira passada,
os aliados de Serra no PSDB,
PMDB e PFL assistiram aos programas de TV durante encontro
em Brasília e os aprovaram. Embora a maioria tenha chegado para o encontro com restrições a
ataques contra Lula.
O próprio Serra, à saída desse
encontro, disse que para ser presidente não era necessário ter diploma universitário, deixando
antever alguma divergência.
A crítica sufocada na reunião
explodiu no fim de semana, com
as pesquisas que demonstravam a
estagnação da candidatura Serra
havia mais de duas semanas. Para
o comitê de Serra, os políticos
aproveitaram um momento de
dificuldade da candidatura, a estagnação, para atacar uma linha
que antes haviam aplaudido.
Aníbal e Goldman estiveram na
linha de frente, mas o presidente
Fernando Henrique Cardoso
também reprovou os ataques a
Lula. Nizan reagiu negativamente
à interferência dos políticos.
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