São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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Lula admite tucanos no seu ministério

DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, admitiu ontem a possibilidade de integrantes do PSDB participarem de um eventual governo seu.
"Tenho de tomar todo o cuidado, senão os jornais dão manchete: "Lula faz aliança com o PSDB para governar". Isso não me ajudaria neste momento. Acho que tem gente boa no PSDB. Há gente do PSDB que vamos conversar. Como tem no PMDB e mesmo gente sem partido", declarou, ao ser questionado se aceitaria compor com os tucanos se eleito.
Lula participou ontem de entrevista a jornalistas de "O Estado de S. Paulo", no auditório do jornal, no bairro do Limão, zona norte de São Paulo.
O petista rejeitou qualquer possibilidade de manter o atual presidente do Banco Central no cargo. "Vamos encerrar de vez esta história: o Armínio Fraga não fica no meu governo. O PT tem gente da mais alta qualidade e vamos escolher um presidente do Banco Central que tenha o perfil que nós acreditamos", disse.
O candidato do PT recusou-se a traçar o perfil mais indicado para o cargo de ministro da Fazenda, se eleito. "Isso é uma coisa tão secreta... Primeiro tenho de ganhar as eleições. A situação nos é amplamente favorável, mas eleição e mineração você só conhece o resultado depois da apuração. Depois vamos discutir a montagem do ministério."
Lula afirmou que o responsável pela área econômica não precisa ser "necessariamente" do PT. "O PT tem extraordinários quadros para dirigir a economia brasileira. Mas há extraordinários quadros que não estão no PT ou não estão em partido nenhum. Vamos discutir isso com nossos aliados e, no momento certo, vocês vão saber."
Vencendo, o petista disse que divulgará o ministério de uma vez só. "Não vai ser à base de conta-gotas, para evitar que, por meio de colunas de pequenas notícias, as pessoas se auto-indiquem ministros. Vamos indicar à sociedade um pacote de ministros."
Lula comentou proposta do presidente Fernando Henrique Cardoso de fazer viagens internacionais com o eleito para tentar ganhar a confiança do mercado. "É saudável a idéia de uma transição democrática e civilizada. Mas acho que não há tempo, porque são 60 dias que separam a eleição da posse, e o novo presidente tem de articular o ministério. Já viajei com o Fernando Henrique. É uma boa companhia."
O petista disse manter boa relação com o tucano. "Não posso esquecer que sou um dos responsáveis pela entrada dele na política", disse, referindo-se à campanha de FHC para o Senado em 1978. "Posso ir a um debate e quase ir às vias de fato com o FHC, mas sair e conversar normalmente."



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