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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CÂMARA NO ESCURO
Se o cenário for muito desfavorável, governistas ainda podem apostar em outro candidato à sucessão de Severino Cavalcanti
Planalto fixa prazo para Aldo "decolar"
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto estabeleceu como prazo amanhã à noite
para ter segurança sobre a viabilidade da candidatura do deputado
Aldo Rebelo (PC do B-SP) a presidente da Câmara. Embora seja intenção do governo manter o comunista até o final, não está descartada a hipótese de uma nova
substituição se o cenário for muito desfavorável.
O Planalto começou com a candidatura oficial de Arlindo Chinaglia (PT-SP), que é o líder do governo na Câmara. Menos de 24
horas depois, surgiu a opção por
Aldo -no início da noite de
quinta. Na sexta-feira e ontem, a
reação de deputados governistas
foi desfavorável ao lançamento.
Em Salvador, onde esteve ontem, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva foi econômico ao comentar a disputa na Câmara. Indagado se Aldo é um bom candidato, o
petista respondeu: "É, pode ser".
Há também um problema a ser
resolvido dentro do PT, partido
que ainda tem a maior bancada
da Câmara, com 88 cadeiras. A
decisão do Planalto de apoiar Aldo foi tomada sem que os petistas
tivessem sido consultados.
O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), passou a sexta-feira telefonando para seus comandados pedindo desculpas sobre a forma da escolha de Aldo.
Teve pouco sucesso.
Walter Pinheiro (PT-BA), ex-líder do partido e uma das principais expressões da chamada esquerda petista, é cáustico ao comentar a atual candidatura governista para presidir a Câmara: "Fizeram uma escolha sem consultar
ninguém. A Câmara está se submetendo ao Senado, pois o nome
veio sugerido de lá. O Aldo é uma
boa pessoa, mas ele não ganha". O
grupo do qual Pinheiro faz parte
tem 19 dos 88 deputados petistas.
Ontem, no início da tarde, vários candidatos estavam na Câmara. Telefonavam para deputados tentando cabalar votos. Michel Temer (PMDB-SP) chegou
no final do dia. O peemedebista
passaria o fim de semana tentando reerguer sua candidatura, torpedeada pelo Planalto e pela ala
governista de seu partido, comandada pelos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP).
A única certeza de todos os envolvidos no processo da sucessão
de Severino Cavalcanti, que renunciou na semana passada, é
que não há ainda possibilidade de
prever quem será o vitorioso na
disputa -marcada para quarta-feira. Para ser eleito, é necessário
ter a maioria absoluta dos votos
válidos. São válidos os votos dados aos candidatos e os brancos.
O quórum mínimo para a sessão é
de 257 dos 513 deputados.
O candidato do PFL, José Thomaz Nonô (AL), tem sido apontado como um dos favoritos para ir
ao segundo turno. Mesmo essa
previsão quase consensual depende de como vão evoluir as negociações de outras candidaturas.
Se o quadro de candidatos for
muito fracionado, há chances de
prosperar um nome do chamado
baixo clero. Ciro Nogueira (PP-PI) é o herdeiro natural dos votos
de Severino. Em fevereiro, quando foi para o segundo turno, Severino teve 124 votos na primeira
votação. Ciro tem dito a correligionários que sua votação será superior a esse número.
No Planalto, assessores de Lula
têm dito que o presidente pretende levar até onde for possível a
candidatura de Aldo. Mas que
não embarcará numa aventura.
Ainda assim, haverá, como a Folha ouviu de um dos ministros incumbidos de conseguir votos,
uma assembléia de avaliação permanente.
Colaboraram KENNEDY ALENCAR e FABIO ZANINI, da Sucursal de Brasília, e
LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em
Salvador
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