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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Vários deputados já acertaram transferência para outras legendas, mas ainda aguardam definição sobre presidência da Casa
Severino atrasa troca-troca na Câmara
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A complicada sucessão de Severino Cavalcanti (PP-PE) a presidente da Câmara adiou o troca-troca partidário na Casa. De acordo com a lei, os políticos têm até o
dia 30 deste mês para escolher o
partido pelo qual disputarão a
eleição do ano que vem.
Várias siglas anunciaram na
primeira quinzena deste mês um
incremento em suas bancadas.
Mas a renúncia de Severino e a incerteza sobre quem estará no comando da Câmara fizeram com
que todos deixassem para oficializar as mudanças na última hora.
Até a tarde da última sexta-feira,
a correlação de forças entre as diversas bancadas da Câmara se
mantinha mais ou menos semelhante à das últimas semanas
-embora já muito diferente do
resultado das urnas em 2002.
Até hoje, desde a posse dos deputados, em 1º de fevereiro de
2003, houve 281 mudanças partidárias envolvendo 170 dos 513
congressistas que formam a Câmara. Alguns trocaram de sigla
várias vezes, pois não há restrição
legal a esse tipo de movimentação. Algumas medidas estão em
estudo para conter a migração,
mas não há perspectiva sobre
quando poderão ser aprovadas.
PMDB
Na semana que vem, até o prazo
final de sexta-feira, o PMDB deve
se tornar a maior bancada da Câmara. Pode pular para algo entre
93 e 95 deputados filiados. Se conseguir as 95 cadeiras, terá um incremento nominal de 19 deputados -25,7% a mais do que conseguiu nas urnas, em 2002. Os peemedebistas assim estarão no mesmo caminho trilhado por PTB, PL
e PP depois que Luiz Inácio Lula
da Silva tomou posse como presidente, em janeiro de 2003.
O governo do PT deliberadamente escolheu alguns partidos
para trabalharem com a massa de
congressistas fisiológicos que
sempre aderem ao governo - independentemente de coloração
ideológica.
No caso de Lula, as siglas escolhidas num primeiro momento
foram o PL e o PTB. Depois, agregou-se o PP. Agora, o PMDB ingressa na sua melhor fase.
O PT foi preservado da entrada
de mais deputados. Agora, com a
crise do "mensalão" e redução da
perspectiva de poder -pela incerteza da reeleição de Lula-, a
bancada petista está começando a
minguar. Dos 91 eleitos já caiu para 88. É possível que até sexta-feira o encolhimento resulte em algo
em torno de 80 a 85 deputados.
A estratégia de fabricar grandes
bancadas não é uma invenção petista. Essa prática vem sendo usada desde o retorno do país à democracia, nos anos 80.
Governo FHC
Nos dois mandatos presidenciais de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o tucano teve
uma atuação muito semelhante à
de Lula. A diferença é que não se
optou apenas por partidos "laranjas". Durante o período fernandista, o próprio PSDB foi um dos
principais receptadores de parlamentares sem uma preocupação
ideológica.
A comparação é simples. No governo Lula, até agora, os quatro
principais partidos governistas
receptadores de deputados
(PMDB, PL, PTB e PP) conquistaram 56 cadeiras a mais na comparação com o resultado da eleição
de 2002. No caso de FHC, as duas
siglas que mais absorveram congressistas, PSDB e PFL, ganharam
52 deputados no primeiro mandato do tucano (1995-1998).
PL e PTB
No caso de Lula, as duas siglas
que mais encarnaram a operação
de troca-troca partidário foram
PL e PTB. Ambas elegeram 26 deputados cada uma em 2002.
Em outubro de 2003, o PTB (do
agora ex-deputado Roberto Jefferson) chegou a ter 55 cadeiras
-um ganho de 111,5% sobre o resultado das urnas. O PL teve seu
momento áureo recentemente,
em junho, com 53 deputados
-ganho de 103,9% sobre 2002.
Durante o primeiro governo de
FHC, o PSDB e o PFL também tiveram seus momentos hegemônicos. Os tucanos haviam saídos
das urnas em 1994 com 63 deputados. Em outubro de 1997, já estava com cem cadeiras (alta de
58,7%). Os pefelistas elegeram 89
deputados e pularam para 112 em
maio de 1998 (salto de 25,9%).
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