São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Desarticulação

Mais do que o PT de São Paulo, é o chamado Campo Majoritário do partido, no Estado e alhures, que sangra com o caso do dossiê encomendado para incriminar José Serra. A ele pertencem quase todos os protagonistas dos episódios que tomaram conta do noticiário desde o ano passado -de Delúbio Soares a Jorge Lorenzetti, de José Dirceu a Hamilton Lacerda.
Pós-mensalão, o Campo viu reduzido seu espaço na cúpula petista. Ainda assim, conseguiu permanecer dominante, com um dos seus na presidência.
Fragilizado pelo novo escândalo, o Campo volta a ser contestado. Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, derrotado na eleição de outubro passado, já está em campanha pelo lugar de Ricardo Berzoini.

Incrível. Petistas consideram um pequeno milagre o nome de Francisco Rocha da Silva não ter aparecido no caso do dossiê. Chefe-de-gabinete de Berzoini, "Rochinha" está em todas no PT nacional.

Soldado. No início do governo Lula, "Rochinha" foi cuidar dos interesses do PT no Ministério da Saúde. Depois, deslocou-se para a Agência Nacional de Saúde.

Vamos que dá. Registro para a história do malogrado dossiê: a pesquisa Ibope de dez dias atrás, apontando subida de cinco pontos para o candidato Aloizio Mercadante, ajudou muita gente no PT a perder a cabeça.

Lanterna. Com 21% de intenção de voto a uma semana da eleição, Mercadante corre o risco de terminar a campanha com o pior desempenho de um candidato do PT no Estado desde José Dirceu em 1994 (14,86%). À época, o partido não tinha a Presidência.

Fora do gancho 1. A Fence, que fez varredura nos telefones do TSE, teve rompido pelo então ministro Humberto Costa contrato na pasta da Saúde. Acusada de superfaturamento na gestão de Serra, foi inocentada pelo TCU.

Fora do gancho 2. Dirigida por um ex-chefe de telecomunicações do SNI, a Fence foi alvo de suspeição na descoberta de R$ 1,4 milhão no cofre da Lunus, na campanha presidencial de Roseana Sarney, mas não foi comprovada a sua participação.

Marchinha. Adversários de Humberto Costa (PT-PE) exploram ao máximo seu indiciamento. Uma musiquinha que faz sucesso na campanha tem o seguinte refrão: "Você é sanguessuga/Eu não voto em você/Você é vampiro/Tem de explicar por quê".

Tucanopetismo. Uma rara associação entre PSDB e PT ocorre na campanha de Alagoas, onde os partidos se uniram na tentativa de forçar um segundo turno contra João Lyra (PTB).

Troco. Irritado com o papel de linha auxiliar que a petista Lenilda Lima faz para o tucano Téo Vilela, Lyra ameaça abandonar a defesa de Lula na reta final da campanha.

A conferir. O governador da Bahia, Paulo Souto (PFL), tem dito a aliados que vai ao debate da Globo amanhã. Para o pefelista, o modelo adotado pela emissora seria "justo".

Totalflex. O deputado peemedebista Moreira Franco (RJ), que desistiu de se candidatar à reeleição, se divide entre a coordenação de campanha do correligionário Sérgio Cabral e a ajuda para a reeleição do pefelista Rodrigo Maia, casado com sua enteada.

Sem gás. Enquanto Heloísa Helena se distancia dos dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto, o PSOL vê minguar sua meta de pelo menos garantir as sete vagas na Câmara. Integrantes do partido apontam a formação de chapas fracas nos Estados como principal problema.

Luz, câmera... A campanha de Heloísa Helena vê no debate da Globo sua melhor chance de exposição desde o início do horário eleitoral.

Tiroteio

É o roto falando do rasgado. Tanto Lula quanto Alckmin confiam que o povo esqueça rápido o que dizem e o que fazem. Governabilidade para eles é aliança com delinqüentes políticos.


Do deputado IVAN VALENTE (PSOL-SP), sobre Alckmin dizer que governo que é Jader Barbalho e Ney Suassuna não pode dar certo.

Contraponto

Oito ou oitenta

Raul Jungmann (PPS-PE) saía atrasado da sala da CPI dos Sanguessugas quando foi parado por um repórter da TV Globo. Alguns metros depois, já esbaforido, uma equipe da TV Record o abordou.
-É incrível. Às vezes você está doido para dar entrevista e os repórteres não dão nem "oi". Outras você tenta sair de fininho e tem de gravar dez entrevistas. Assim não consigo fazer campanha- brincou o deputado.
A jornalista insistiu dizendo que, graças à CPI, ele teria chance de se reeleger. Jungmann discordou:
-Pernambuco não é o Rio. Gabeira se elege só andando de bicicleta no Leblon. Eu preciso comer poeira no sertão.


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