São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Números, números

Com diferença de horas, ontem, primeiro a agência Associated Press despachou sua reportagem especial destacando no título que "É provável que Silva, do Brasil, seja reeleito". Depois, "Nova pesquisa mostra que presidente pode enfrentar segundo turno".
No site do "Wall Street Journal", em edição da Dow Jones, primeiro "Pesquisa põe presidente à frente com 55% dos votos", depois "Nova pesquisa" etc.
É resultado do contraste entre Datafolha e Ibope no fim de semana. A agência Reuters, que juntou os dois, deu no despacho, em título, "Pesquisas: Lula venceria apesar do escândalo". E ontem já mudou de assunto, "Lula e Alckmin trocam acusações de corrupção".

PARANORMAL
O correspondente Jonathan Wheatley, do "Financial Times",escolheu uma pesquisa para noticiar, no site -a do Ibope, com três pontos de diferença entre Lula e demais, não oito, como o Datafolha.
Por outro lado, na "agenda" desta semana, sob o título "A última chance de Geraldo":
- A oposição pode se confortar também com o paranormal Jucelino Nóbrega da Luz. Um entrevistador perguntou a ele quem venceria a eleição? Sua resposta: Geraldo Alckmin, em uma inesperada virada de segundo turno.

SEM-VERGONHICES
Mais sisudo, o "El País" deu ontem uma entrevista de J. Marirrodriga com Alckmin, "Não se pode fazer governo só com amigos", mais o perfil "Lula ainda encanta o Brasil".
No editorial "Não basta o carisma", o jornal espanhol aponta a "aglomeração de sem-vergonhices no entorno do líder brasileiro" e diz que, se eleito, ele "está obrigado a atacar com mão de ferro o clima de vale-tudo que impregna a política de seu país".

"SENHOR"
E chegou a vez do "Times" londrino de dar sua longa reportagem "Policiais do esquadrão da morte mataram centenas em ataques de vingança" contra ações do PCC.
Faz críticas ao "senhor" (em português) Alckmin e ao "senhor" Castro Abreu, "cotado para alto cargo federal se seu mentor vencer a eleição".

QUEIMANDO PONTES
O "Wall Street Journal" de sábado deu longa reportagem do correspondente Matt Moffett sobre como Lula, "prestes a ganhar novo mandato", pode obter uma "vitória cara".
Seria resultado, "em parte, da estratégia" que ele próprio vem empregando para "responder às acusações de corrupção". Lula estaria "queimando pontes" com sua "retórica de guerra de classes":
- Quanto mais a mídia o ridiculariza, mais Mr. da Silva eleva a retórica para sua base.

DIAS ANTES
Larry Rohter, sexta passada no "New York Times" , entrou finalmente com a nova crise, em reportagem intitulada "Dias antes de o Brasil votar, novo escândalo para líder".
O correspondente dá destaque sobretudo às declarações de Marco Aurélio Mello, presidente do TSE, de que Lula, se eleito, "poderá ter a sua vitória nas urnas anulada".
A reportagem foi parar no blog Passport -dos editores da influente "Foreign Policy".

REALIDADE DISTANTE
No site do "Washington Post", que segue ignorando a crise neste final de campanha, a colunista Marcela Sanchez falou sobre a "quase certa" reeleição sob um prisma mais crítico -o que de Lula, apesar de Bolsa-Família, Pró-Uni e tudo mais, ficou devendo as "soluções radicais" que prometia, contra a desigualdade.
- A justiça social permanece uma realidade distante.

CICARELLI EM NÚMEROS

blogdeguerrilha.com.br/ Reprodução
Num blog, o gráfico do Technorati, com a evolução dos posts sobre Daniella Cicarelli na blogosfera, até ontem


Ontem nos "+ lidos" da Folha Online , predominância de Daniella Cicarelli, outra vez. E a notícia do dia, depois também no G1, novo portal das Globos, era que, por conta do vídeo, em setembro o Brasil será proporcionalmente o país com mais internautas no You Tube, no mundo.
De outro lado, a repercussão com humor fez o blog Kibe Loco! elevar em 10% sua audiência, seguido de outros de mesma linha, como Desciclopédia e Jacaré Banguela.
E o Blog de Guerrilha, de crítica de mídia, sob o título "A nossa Paris Hilton", pesquisou no serviço de busca de blogs Technorati e comentou que o vídeo, "intencional ou não, funcionou" como "ação de marketing viral".

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@ - Nelson de Sá


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