São Paulo, terça-feira, 25 de setembro de 2007

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Caso Walfrido ameaça ação pela CPMF

Para base, ministro se enfraqueceu mais ao não barrar nomeações na Petrobras

Como articulador político, ministro controla emendas e distribuição de cargos; ele não se pronunciou ontem sobre o valerioduto de MG

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O envolvimento do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) no caso do valerioduto mineiro deve dificultar ainda mais para o governo as votações no Congresso.
Walfrido, que pode ser denunciado ainda nesta semana pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, não teve força política, avaliam líderes governistas, para barrar, na última sexta, a nomeação de dois petistas para a Petrobras, por pressão de Dilma Rousseff (Casa Civil).
As nomeações irritaram partidos aliados, que acusam descumprimento de um acordo pelo qual todos os cargos na estatal, uma das mais cobiçadas do setor público, sairiam como recompensa após a aprovação final da emenda que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). PP e PMDB pleiteiam diretorias da estatal.
A intenção do governo de começar hoje a votar os destaques da CPMF, e assim completar o primeiro turno, está sob risco. Deverá haver novas compensações para os insatisfeitos.
Em condições normais, já seria difícil colocar pelo menos 450 deputados em plenário numa terça-feira, margem considerada mínima para votar uma emenda constitucional, que requer 308 deputados para ser aprovada. Com os deputados insatisfeitos e aproveitando o momento para emparedar o governo, será ainda mais complicado. Além da articulação política, Walfrido tem se empenhado em sua defesa.
"A situação do ministro Walfrido incomoda muito, a ele e a todos nós. Estão querendo desestabilizar a posição dele de articulador do governo", disse o líder do governo na Câmara, José Múcio (PTB-PE).
Para o líder do PT na Casa, Luiz Sergio (RJ), a eventual denúncia do procurador-geral contra o ministro "evidentemente abre uma crise". "Caberá ao governo analisar a questão", disse o petista, ressaltando que nem ele nem o PT trabalhariam com essa hipótese.
Walfrido é o responsável pela distribuição de cargos e emendas a aliados. O líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA), telefonou na semana passada para ele. "Liguei para dar apoio. Nem falei de cargos."
Walfrido pediu ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, prazo de 15 dias para entregar documentos e uma auditoria da empresa Samus. Deve entregar os papéis até o final desta semana.
Ontem, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que encabeça as denúncias do valerioduto mineiro, telefonou para o gabinete de Walfrido. No Planalto, assessores repetiam que Walfrido teria garantido ao presidente Lula que tem como se defender das denúncias.
(FÁBIO ZANINI, RANIER BRAGON e LETÍCIA SANDER)

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