São Paulo, terça-feira, 25 de setembro de 2007

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Renan é excluído de reunião por líderes do governo e da oposição

Encontro de hoje visa tentar destravar pauta de votações do Senado e mostrar a peemedebista que sua permanência não estanca crise

Opositores querem incluir na pauta a discussão do voto aberto; Planalto teme que crise se estenda e atrapalhe a chegada na Casa da CPMF

SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da resistência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em permanecer no cargo, líderes do governo e da oposição decidiram excluí-lo de uma reunião, marcada para hoje, que visa tentar um pacto para retomar as votações na Casa.
A estratégia de "ignorar" Renan, segundo os líderes da oposição, tem dupla finalidade: mandar um recado de que a permanência dele no posto não estancará a crise e tentar incluir na pauta, sem a interferência do peemedebista, o voto aberto e o fim da sessão secreta. Até o início da crise, esse tipo de reunião ocorria invariavelmente no gabinete da presidência, com Renan à frente.
A insatisfação com a presença do presidente do Senado no posto se ampliou e ganhou adesão de parte da bancada do PT após o fracasso das tentativas de votar indicações de autoridades na semana passada. Desde então, surgiram manifestações explícitas no PT.
Também existe uma preocupação com a pauta trancada na base governista devido à chegada da emenda que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), prevista para o dia 15 de outubro.
Depois das declarações de Aloizio Mercadante (PT-SP) pedindo a saída de Renan, ontem foi a vez do primeiro-vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), atribuir ao peemedebista o "impasse" que se instalou na Casa.
"[A reunião sem Renan] é uma expressão da crise, mostra o clima em que está o Senado", disse o petista.
"É muito difícil haver qualquer reconciliação ou ambiente ameno para construirmos uma agenda de votações. O impasse está na permanência do presidente da Casa. Eu não posso, por lealdade a isso, defender o afastamento. Mas não vou mentir, se disser o contrário, estarei mentindo", afirmou o senador.
Tião ainda ironizou um suposto acordo, que circula há meses na Casa, para que Renan se licenciasse depois da sua absolvição no caso Mônica Veloso. "Combinaram o casamento, o noivo e o padre, mas esqueceram de falar com a noiva."
"Não houve acordo com ninguém. O que existe é insinuação e só interessa a quem quer a presidência", afirmou Almeida Lima (PMDB-SE).

Pauta mínima
Para negociar uma pauta mínima de votação, a oposição exige que sejam incluídos três itens na pauta: 1) a PEC (emenda constitucional) do voto aberto; 2) o fim das sessões secretas em votação de cassação de mandato; 3) um projeto que exige o afastamento da Mesa de senadores que enfrentem processos por quebra de decoro.
"Essa pauta é o limite e só terá solução se colocarmos esses três itens como prioritários na pauta", disse o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), que ainda aposta no crescimento de "focos de insatisfação" contra Renan. "A próxima querela vai ser entre o PMDB e o PT."
Medidas provisórias travam a pauta do Senado. Há também uma lista de indicações de autoridades que precisam do aval do plenário. O primeiro da fila é o indicado para dirigir o Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot.
Há uma inquietação entre os líderes do governo com a possibilidade de a crise se estender e coincidir com a chegada da emenda da CPMF. Nesse caso, além da pauta trancada, a margem de negociação com a oposição seria menor devido ao desgaste prolongado.


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