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Renan é excluído de reunião por líderes do governo e da oposição
Encontro de hoje visa tentar destravar pauta de votações do Senado e mostrar a peemedebista que sua permanência não estanca crise
Opositores querem incluir na pauta a discussão do voto aberto; Planalto teme que crise se estenda e atrapalhe a chegada na Casa da CPMF
SILVIO NAVARRO
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da resistência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em permanecer no cargo, líderes do
governo e da oposição decidiram excluí-lo de uma reunião,
marcada para hoje, que visa
tentar um pacto para retomar
as votações na Casa.
A estratégia de "ignorar" Renan, segundo os líderes da oposição, tem dupla finalidade:
mandar um recado de que a
permanência dele no posto não
estancará a crise e tentar incluir na pauta, sem a interferência do peemedebista, o voto
aberto e o fim da sessão secreta.
Até o início da crise, esse tipo
de reunião ocorria invariavelmente no gabinete da presidência, com Renan à frente.
A insatisfação com a presença do presidente do Senado no
posto se ampliou e ganhou adesão de parte da bancada do PT
após o fracasso das tentativas
de votar indicações de autoridades na semana passada. Desde então, surgiram manifestações explícitas no PT.
Também existe uma preocupação com a pauta trancada na
base governista devido à chegada da emenda que prorroga a
CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), prevista para o dia 15
de outubro.
Depois das declarações de
Aloizio Mercadante (PT-SP)
pedindo a saída de Renan, ontem foi a vez do primeiro-vice-presidente do Senado, Tião
Viana (PT-AC), atribuir ao peemedebista o "impasse" que se
instalou na Casa.
"[A reunião sem Renan] é
uma expressão da crise, mostra
o clima em que está o Senado",
disse o petista.
"É muito difícil haver qualquer reconciliação ou ambiente ameno para construirmos
uma agenda de votações. O
impasse está na permanência
do presidente da Casa. Eu não
posso, por lealdade a isso, defender o afastamento. Mas não
vou mentir, se disser o contrário, estarei mentindo", afirmou
o senador.
Tião ainda ironizou um suposto acordo, que circula há
meses na Casa, para que Renan
se licenciasse depois da sua absolvição no caso Mônica Veloso. "Combinaram o casamento,
o noivo e o padre, mas esqueceram de falar com a noiva."
"Não houve acordo com ninguém. O que existe é insinuação e só interessa a quem quer a
presidência", afirmou Almeida
Lima (PMDB-SE).
Pauta mínima
Para negociar uma pauta mínima de votação, a oposição
exige que sejam incluídos três
itens na pauta: 1) a PEC (emenda constitucional) do voto
aberto; 2) o fim das sessões secretas em votação de cassação
de mandato; 3) um projeto que
exige o afastamento da Mesa de
senadores que enfrentem processos por quebra de decoro.
"Essa pauta é o limite e só terá solução se colocarmos esses
três itens como prioritários na
pauta", disse o líder do DEM,
José Agripino Maia (RN), que
ainda aposta no crescimento de
"focos de insatisfação" contra
Renan. "A próxima querela vai
ser entre o PMDB e o PT."
Medidas provisórias travam
a pauta do Senado. Há também
uma lista de indicações de autoridades que precisam do aval
do plenário. O primeiro da fila é
o indicado para dirigir o Dnit
(Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes), Luiz Antonio Pagot.
Há uma inquietação entre os
líderes do governo com a possibilidade de a crise se estender e
coincidir com a chegada da
emenda da CPMF. Nesse caso,
além da pauta trancada, a margem de negociação com a oposição seria menor devido ao
desgaste prolongado.
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