São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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Caças Rafale, que o Brasil quer comprar, caem no mar

Motivo da queda dos dois aviões, que participavam de exercício militar, não foi revelado

Para Aeronáutica, incidente não altera concorrência dos caças, estimada em R$ 10 bi e disputada por suecos, franceses e americanos


ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

Dois caças franceses Rafale da Marinha da França, os mesmos que estão sendo negociados com o Brasil, caíram no mar Mediterrâneo no final da tarde de ontem, a 30 km da cidade de Perpignan (sul do país).
Segundo um porta-voz do Ministério da Defesa francês, os aviões estavam em missão de treinamento e decolaram à tarde do porta-aviões Charles de Gaulle, no mar Mediterrâneo. À Folha o porta-voz disse não descartar a possibilidade de colisão entre as duas aeronaves, mas não adiantou hipóteses sobre as causas. A Marinha afirmou que os pilotos eram "muito experientes".
O acidente, que teve grande repercussão na mídia francesa ontem, ocorre no momento em que o governo brasileiro negocia com a França a compra de 36 caças Rafales, contrato que pode superar R$ 10 bilhões.
Estimado em US$ 140 milhões, o avião francês é considerado o mais caro da concorrência, que tem ainda o americano F-18 Super Hornet (US$ 100 milhões) e o sueco Gripen NG (US$ 70 milhões). Oficialmente, a disputa está agora na fase de análise técnica. Apesar disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, já deram sucessivas demonstrações de preferência pelos Rafale.
O Comando da Aeronáutica brasileira informou que a queda dos caças não altera em nada o processo, as avaliações e o resultado da comissão que analisa as propostas.
Mesmo sem saber de detalhes além dos repassados pela embaixada em Paris, a Aeronáutica reagiu dizendo que acidentes são raros, mas acontecem, e que não é possível julgar a qualidade de um caça supersônico de ponta como os Rafale com base num único episódio.
O presidente interino, José Alencar, afirmou que é prematuro avaliar o impacto do acidente. "Não vou fazer comentários ou ilações sem saber o que ocorreu", disse. O Ministério da Defesa informou que não comentaria o assunto.
Informalmente, militares brasileiros acreditavam ter havido um choque no ar entre as duas aeronaves, já que parecia improvável que as duas tivessem caído isoladamente, por motivos diferentes.
Um dos pilotos foi retirado do mar com vida e consciente e levado para um hospital militar a bordo do porta-aviões.
A prioridade para a Marinha francesa ontem era encontrar o segundo piloto. O governo francês enviou à área do acidente um importante dispositivo para ajudar nas buscas, entre eles um barco, cinco helicópteros, um avião de patrulha naval e um avião de vigilância aérea. A Dassault, fabricante dos caças, não se pronunciou.
O ministro da Defesa francês, Hervé Morin, ordenou a abertura de investigação para tentar determinar as causas do acidente. Ele afirmou que pretende visitar o local da queda nos próximos dias. Segundo o ministério, o último contato por radar feito pelos dois caças foi registrado por volta de 18h, horário local (13h de Brasília).
Trata-se do segundo acidente da história do Rafale. Em dezembro de 2007, um avião da Aeronáutica caiu no centro-sul da França. As investigações excluíram a hipótese de falha técnica e concluíram que houve "desorientação espacial" do piloto Emmanuel Morini, que morreu. À época, causou estranheza o fato de Morini, considerado um bom piloto, não ter conseguido se ejetar.
Os Rafale fizeram o primeiro voo em 1996 e chegaram ao mercado em 2001. Jamais foram exportados, acumulando negociações fracassadas. São usados só pela França.

Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Redação



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