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Caças Rafale, que o Brasil quer comprar, caem no mar
Motivo da queda dos dois aviões, que participavam de exercício militar, não foi revelado
Para Aeronáutica, incidente não altera concorrência dos caças, estimada em R$ 10 bi e disputada por suecos, franceses e americanos
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
Dois caças franceses Rafale
da Marinha da França, os mesmos que estão sendo negociados com o Brasil, caíram no
mar Mediterrâneo no final da
tarde de ontem, a 30 km da cidade de Perpignan (sul do país).
Segundo um porta-voz do
Ministério da Defesa francês,
os aviões estavam em missão de
treinamento e decolaram à tarde do porta-aviões Charles de
Gaulle, no mar Mediterrâneo.
À Folha o porta-voz disse não
descartar a possibilidade de colisão entre as duas aeronaves,
mas não adiantou hipóteses sobre as causas. A Marinha afirmou que os pilotos eram "muito experientes".
O acidente, que teve grande
repercussão na mídia francesa
ontem, ocorre no momento em
que o governo brasileiro negocia com a França a compra de
36 caças Rafales, contrato que
pode superar R$ 10 bilhões.
Estimado em US$ 140 milhões, o avião francês é considerado o mais caro da concorrência, que tem ainda o americano F-18 Super Hornet (US$ 100 milhões) e o sueco Gripen
NG (US$ 70 milhões). Oficialmente, a disputa está agora na
fase de análise técnica. Apesar
disso, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o ministro da
Defesa, Nelson Jobim, já deram sucessivas demonstrações
de preferência pelos Rafale.
O Comando da Aeronáutica
brasileira informou que a queda dos caças não altera em nada o processo, as avaliações e o
resultado da comissão que analisa as propostas.
Mesmo sem saber de detalhes além dos repassados pela
embaixada em Paris, a Aeronáutica reagiu dizendo que acidentes são raros, mas acontecem, e que não é possível julgar
a qualidade de um caça supersônico de ponta como os Rafale
com base num único episódio.
O presidente interino, José
Alencar, afirmou que é prematuro avaliar o impacto do acidente. "Não vou fazer comentários ou ilações sem saber o
que ocorreu", disse. O Ministério da Defesa informou que não
comentaria o assunto.
Informalmente, militares
brasileiros acreditavam ter havido um choque no ar entre as
duas aeronaves, já que parecia
improvável que as duas tivessem caído isoladamente, por
motivos diferentes.
Um dos pilotos foi retirado
do mar com vida e consciente e
levado para um hospital militar
a bordo do porta-aviões.
A prioridade para a Marinha
francesa ontem era encontrar o
segundo piloto. O governo
francês enviou à área do acidente um importante dispositivo para ajudar nas buscas, entre eles um barco, cinco helicópteros, um avião de patrulha
naval e um avião de vigilância
aérea. A Dassault, fabricante
dos caças, não se pronunciou.
O ministro da Defesa francês, Hervé Morin, ordenou a
abertura de investigação para
tentar determinar as causas do
acidente. Ele afirmou que pretende visitar o local da queda
nos próximos dias. Segundo o
ministério, o último contato
por radar feito pelos dois caças
foi registrado por volta de 18h,
horário local (13h de Brasília).
Trata-se do segundo acidente da história do Rafale. Em dezembro de 2007, um avião da
Aeronáutica caiu no centro-sul
da França. As investigações excluíram a hipótese de falha técnica e concluíram que houve
"desorientação espacial" do piloto Emmanuel Morini, que
morreu. À época, causou estranheza o fato de Morini, considerado um bom piloto, não ter
conseguido se ejetar.
Os Rafale fizeram o primeiro
voo em 1996 e chegaram ao
mercado em 2001. Jamais foram exportados, acumulando
negociações fracassadas. São
usados só pela França.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Redação
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