São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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Na TV, governo vai pedir papéis da ditadura

Anúncios do governo federal para buscar documentos sobre desaparecidos vão ao ar na TV no domingo

FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo federal vai veicular a partir de domingo anúncios de TV para estimular a entrega de documentos e informações sobre a localização de desaparecidos no período de ditadura militar (1964-1985).
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República produziu três filmes que contam com a participação de familiares de desaparecidos políticos.
O material coletado na campanha será encaminhado ao Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil - Memórias Reveladas, do Arquivo Público Nacional, segundo a Secom.
O ministro Paulo Vannuchi, titular da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, afirmou ontem que a veiculação dos anúncios está "vinculada ao esforço de sensibilização para que as pessoas que souberem de alguma coisa entrem em contato com o Memórias Reveladas, para que se tente cumprir o objetivo humanitário de providenciar os funerais [dos desaparecidos]". De acordo com Vanucchi, "qualquer que seja a divergência ideológica, histórica política sobre o período, ninguém pode ter divergência sobre o direito de localizar os restos mortais e sepultar".
O ministro informou que há mais de 140 vítimas do regime militar cujos paradeiros ainda são desconhecidos. Nesse grupo estão incluídos militantes políticos que foram alvo da ditadura na Guerrilha do Araguaia, no norte do país, e no DOI-Codi de São Paulo na década de 70.
Os filmes foram dirigidos pelos cineastas Cao Hamburguer, João Batista de Andrade e Helvécio Ratton, disse Vannuchi.
Apesar da participação de parentes dos desaparecidos nos filmes, a medida tomada pelo governo não gerou consenso entre os parentes das vítimas.
Criméia Alice Schmidt de Almeida, membro da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e mulher do desaparecido André Gribois, considera a campanha do governo "ridícula". Para ela, as autoridades deveriam buscar identificar e punir aqueles que furtaram documentos sobre a ditadura dos registros oficiais.
""São documentos públicos, produzidos pelo serviço público, que estão em mãos de particulares. O governo, em vez de responsabilizar os agentes do serviço público que fizeram isso, resolve fazer uma campanha na televisão pedindo "por favor". É surrealista", disse.


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