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Na TV, governo vai pedir papéis da ditadura
Anúncios do governo federal para buscar documentos sobre desaparecidos vão ao ar na TV no domingo
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal vai veicular a partir de domingo anúncios de TV para estimular a entrega de documentos e informações sobre a localização de
desaparecidos no período de
ditadura militar (1964-1985).
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República produziu
três filmes que contam com a
participação de familiares de
desaparecidos políticos.
O material coletado na campanha será encaminhado ao
Centro de Referência das Lutas
Políticas no Brasil - Memórias
Reveladas, do Arquivo Público
Nacional, segundo a Secom.
O ministro Paulo Vannuchi,
titular da Secretaria Especial
dos Direitos Humanos, afirmou ontem que a veiculação
dos anúncios está "vinculada ao
esforço de sensibilização para
que as pessoas que souberem
de alguma coisa entrem em
contato com o Memórias Reveladas, para que se tente cumprir o objetivo humanitário de
providenciar os funerais [dos
desaparecidos]". De acordo
com Vanucchi, "qualquer que
seja a divergência ideológica,
histórica política sobre o período, ninguém pode ter divergência sobre o direito de localizar
os restos mortais e sepultar".
O ministro informou que há
mais de 140 vítimas do regime
militar cujos paradeiros ainda
são desconhecidos. Nesse grupo estão incluídos militantes
políticos que foram alvo da ditadura na Guerrilha do Araguaia, no norte do país, e no
DOI-Codi de São Paulo na década de 70.
Os filmes foram dirigidos pelos cineastas Cao Hamburguer,
João Batista de Andrade e Helvécio Ratton, disse Vannuchi.
Apesar da participação de parentes dos desaparecidos nos
filmes, a medida tomada pelo
governo não gerou consenso
entre os parentes das vítimas.
Criméia Alice Schmidt de Almeida, membro da Comissão
de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e mulher
do desaparecido André Gribois,
considera a campanha do governo "ridícula". Para ela, as
autoridades deveriam buscar
identificar e punir aqueles que
furtaram documentos sobre a
ditadura dos registros oficiais.
""São documentos públicos,
produzidos pelo serviço público, que estão em mãos de particulares. O governo, em vez de
responsabilizar os agentes do
serviço público que fizeram isso, resolve fazer uma campanha na televisão pedindo "por
favor". É surrealista", disse.
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