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RELIGIÃO
Sem-terra queriam agradecer empenho do pontífice pela reforma agrária; arquidioceses alegam falta de tempo
Cardeal veta encontro entre MST e o papa
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
O arcebispo
do Rio, d. Eugênio de Araújo
Sales, vetou o
encontro de representantes do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
com o papa João Paulo 2º na sua
visita ao país, que começa dia 2.
Oficialmente, foi informado ao
MST que não havia espaço na
agenda para o encontro.
A assessoria de imprensa da
equipe que organiza a visita do papa ao país confirmou anteontem
que não haverá o encontro. O pedido foi feito oficialmente à CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) pelo líder do MST João
Pedro Stedile, em março.
Em carta ao presidente da entidade, d. Lucas Moreira Neves, Stedile afirmou que casais do MST
queriam agradecer "o empenho
do papa em favor dos trabalhadores rurais" e "pedir-lhe a benção".
Em fevereiro passado, o presidente FHC se encontrou com o papa em Roma e ouviu um apelo pela
reforma agrária "dentro da lei".
D. Lucas apresentou o pedido do
MST em encontro com d. Eugênio
no final de abril. Na ocasião, o cardeal do Rio afirmou que "dificilmente" ele poderia ser aceito.
O presidente da CNBB enviou
carta para o MST relatando a posição de d. Eugênio. Segundo a carta, o cardeal do Rio enumerou três
obstáculos para o encontro.
O primeiro seria as "estritas limitações do programa do Santo
Padre no Rio de Janeiro". O segundo motivo foi o "caráter não nacional, mas mundial da sua visita,
motivo pelo qual questões de âmbito mundial terão prioridade sobre às de cunho nacional".
Além desses dois motivos, haveria o "cuidado de não criar precedentes". O pedido poderia estimular outros grupos a fazer o mesmo.
Ainda segundo a carta enviada
por d. Lucas ao MST, todas as decisões sobre a viagem do papa estariam concentradas nas mãos de d.
Eugênio "por determinação da
Secretaria de Estado do Vaticano".
Segundo Gilmar Mauro, da direção do MST, a entidade não tem
como avaliar os motivos do veto.
"Espero que tenha sido por problemas de agenda. Se foi um veto
político, será constrangedor."
A possibilidade de veto político
ao encontro é levantada pelo MST
e por setores da CNBB. Isso porque d. Eugênio é um dos expoentes
no país do chamado "clero conservador", que é contrário à participação da igreja na política.
Segundo o padre Luiz Bassegio,
assessor da Pastoral Social da
CNBB e que foi um dos intermediários da tentativa de realizar o
encontro, a Arquidiocese do Rio
informou que a agenda do papa
está "sobrecarregada".
Com a negativa, o MST fez nova
proposta, ainda sem resposta:
quer que famílias se aproximem
do papa para receber uma benção.
Ainda não tiveram resposta.
Vandalismo
Outdoores com a imagem do papa foram pichados no Rio. Em um
deles, foi jogada tinta vermelha sobre a foto do papa. O outdoor traz
ao fundo o Cristo Redentor e a frase "o cidadão do mundo agora é
cidadão do Rio de Janeiro".
O governo do Rio considera as
pichações atos isolados de vândalos, mas a PF está investigando. O
alvo de papelão colocado sobre
um outdoor do papa está sendo
examinados por peritos.
"Vandalismo é sinal de que a visita do papa incomoda as pessoas
que têm consciência pesada. Essas
pessoas necessitam mais a visita
do papa", disse d. Eugênio. Ele
afirmou que não crê na possibilidade num atentado ao papa.
Colaborou a Sucursal do Rio
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