São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2000

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Culpa antecipada
A ameaça malufista deflagrou dentro do PT uma onda de críticas e pressões sobre o marqueteiro de Marta, Augusto Fonseca. Até ontem, a mudança no programa de TV da petista, que passou a atacar Maluf e relacioná-lo a Pitta, era considerada insuficiente diante da violência moral da campanha adversária.

Tem que endurecer...
Comentário feito no comando da campanha de Marta antes do novo Datafolha: a equipe de marketing demorou muito para responder aos ataques de Maluf.

...sem perder a ternura
Além da necessidade de responder à altura a Maluf, assessores de Marta cobraram ontem de Augusto Fonseca uma imagem mais "humanizada" da petista. Ela teria perdido a espontaneidade na TV após ter sido "demonizada" pelo malufismo.

Apesar de você
Atendendo a um pedido do senador Suplicy, Chico Buarque gravou ontem uma mensagem de apoio a Marta, que irá ao ar hoje ou amanhã. O compositor também liberou o uso de suas músicas na campanha do PT.

Porteira aberta
Maluf telefonou ontem para Jorge Bornhausen. Para agradecer o "apoio espontâneo" do presidente do PFL à sua candidatura em São Paulo. O pepebista avalia que o gesto induz muitos empresários e conservadores a mostrar a cara e sair do muro.

Aposta refeita
Tirando a vantagem de Marta desde a semana passada, Maluf disse que na quarta-feira (hoje) estaria empatado com a petista. Errou feio. Mas, prevenido, já dizia ontem que no sábado estará tudo igual. E que vence a eleição por 3 pontos de vantagem.

Papel inútil
Vice de Maluf, Cunha Bueno enviou um fax para o deputado estadual Roberto Gouveia. Convidou o petista para atuar como fiscal do ex-prefeito na eleição. "Conto com você", escreveu.

Pelo gongo
Sentimento de um marqueteiro, que trabalhou no primeiro turno paulistano, sobre a disputa entre Marta e Maluf: "A sorte da Marta e do PT é que a eleição é no próximo domingo. Se houvesse mais uma semana de campanha, o quadro seria outro".

Liberais com asas
Desprezado pelo tucanato no segundo turno, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, mandou um recado ao ninho com o gesto de apoio a Maluf. O partido não vai ficar nas mãos do PSDB depois de FHC, que é o único tucano que respeita e é grato à fidelidade dos liberais.

Livro de cabeceira
Enquanto viaja o país em sua cruzada anti-PT, Jorge Bornhausen vai se deliciando com o livro "Totalitarismo Tardio: o Caso do PT", de José Tavares, pastor luterano da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. E já indicou a vários amigos.

Combustão espontânea
Apesar do radicalismo que tomou conta da eleição e das ruas de Recife, Jarbas Vasconcelos isenta o PT da rebelião da Polícia Militar pernambucana. Mas julga que a sigla adversária explora perigosamente o conflito na TV.

Bala perdida
Ontem, em meio ao boato de um novo tiroteio em Recife, em frente ao palácio do governo estadual, Iran Pereira, secretário de Defesa Social (equivalente à Secretaria de Segurança Pública), tomou uma atitude corajosa: pulou para baixo da mesa.

Campanha fechada
A Justiça de Recife proibiu campanha eleitoral de rua depois dos conflitos envolvendo a PM. Lula, que vai à cidade amanhã apoiar João Paulo (PT), será levado para um ambiente fechado, provavelmente um ginásio.

TIROTEIO
De Flávio Dino, presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil, sobre ministros do Superior Tribunal de Justiça criticarem a disposição de FHC de nomear para o Supremo Tribunal Federal um juiz de fora do STJ, o segundo tribunal na hierarquia da Justiça Federal:
- O Supremo não pode ser organizado de acordo com a lógica de um quartel. Não é um tribunal de carreira.

CONTRAPONTO
Questão de estilo
Jorge Bornhausen, presidente do PFL, não gostou de ouvir Francisco Dornelles (Trabalho), que é do PPB de Maluf, dizer que recomendara a seus dez ou 12 amigos paulistanos o voto no tucano Geraldo Alckmin.
Bornhausen anda irritado com a atuação do PSDB nas eleições, mas, sobretudo, acha que o adversário dos aliados é o PT. Tanto que rompeu a neutralidade do PFL e apoiou Maluf.
Dias atrás, em sua cruzada nacional anti-PT, parou em Pelotas (RS) para dar uma força à candidata do PPB, Leila Fetter. Em conversa com assessores, alfinetou Dornelles:
- Ao contrário do ministro, que está em um spa, eu estou em Pelotas trabalhando!
Dornelles, que no primeiro turno gravou para o programa da candidata, nem se abalou, comentando com assessores:
- Eu sigo a "lei Tancredo". Só vou onde sou convidado!



Próximo Texto: Questão agrária: Contag invade agências do BB para pressionar governo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.