|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo reduziu volume de financiamentos
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Está faltando dinheiro para os
pequenos agricultores porque em
maio passado o governo federal
resolveu cortar os juros cobrados
nesses empréstimos sem reservar
recursos no Orçamento da União
para pagar a conta.
Naquela ocasião, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) vinha patrocinando
invasões de prédios públicos. Para isolar o movimento, o governo
federal buscou então uma aproximação com a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores
na Agricultura), entidade vinculada à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Um dos pontos negociados foi a
redução dos juros cobrados nos
empréstimos a pequenos agricultores. A medida foi editada em 10
de agosto passado e atingiu os
empréstimos com recursos do
Pronaf (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar).
Os juros anuais caíram de
5,75% para 4% para os agricultores com renda anual de até R$
27,5 mil. Quem tem renda anual
de até R$ 8.000 tem direito ainda a
um benefício adicional: um desconto de R$ 200 nos juros, caso
pague o empréstimo em dia.
Juros
Em tese, a queda dos juros deveria ter sido bancada pelo Tesouro
Nacional, que anualmente reserva
recursos para subsidiar parte dos
empréstimos agrícolas. Mas, em
lugar de aumentar a verba para
subsídios prevista no Orçamento
da União, o que vem ocorrendo
na prática é o corte no volume de
financiamentos concedidos.
Ou seja: individualmente, os
agricultores passaram a ganhar
subsídios maiores. Só que, para a
conta caber no Orçamento, o governo vem concedendo um volume menor de financiamentos.
A situação fica mais clara quando analisados os números do
Banco do Brasil, principal agente
financiador da agricultora. Antes
de o governo cortar os juros, o
Banco do Brasil estava disposto a
emprestar R$ 1,3 bilhão para as
atividades de custeio (financiamento do plantio e da colheita)
com dinheiro do Pronaf.
Revisão
Depois que os juros foram reduzidos, o Banco do Brasil foi obrigado a rever seus planos. Até agora, a instituição tornou disponível
R$ 1,027 bilhão aos agricultores.
Para liberar o resto, depende agora de novas liberações do Tesouro
Nacional.
Como não tem recursos previstos no Orçamento, o Tesouro está
sendo obrigado a se valer de remanejamentos para liberar mais
verbas. Esse trabalho, entretanto,
está mais lento que o desejado pelo Banco do Brasil.
Na semana passada, o Tesouro
publicou portaria que permite a
concessão de R$ 32 milhões em
empréstimos. Hoje, uma nova
portaria deverá liberar mais R$ 40
milhões. Ainda falta cerca de R$
200 milhões para fechar a conta.
No total, os financiamentos
prometidos à Contag somam R$
4,2 bilhões. Nesses recursos, estão
incluídos financiamentos de outros bancos públicos e privados,
além de recursos para investimentos (como compra de tratores e implementos).
Texto Anterior: Questão agrária: Contag invade agências do BB para pressionar governo Próximo Texto: Secretário diz que protesto foi precipitado Índice
|