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ESPÍRITO SANTO
Equipe de Paulo Hartung, governador eleito, diz que privatização de banco estadual não é necessária
José Ignácio retoma venda do Banestes
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador do Espírito Santo,
José Ignácio Ferreira (sem partido), retomou o processo de privatização do Banestes (Banco do Estado do Espírito Santo), a menos
de três meses do final de seu mandato. A equipe de transição do governador eleito, Paulo Hartung
(PSB), que é contra a privatização,
foi pega de surpresa com a publicação do edital de abertura do
processo, no último dia 14.
O governo apostou na desarticulação da Assembléia Legislativa, que havia aprovado em primeiro turno, em agosto, emenda
constitucional barrando o processo de privatização.
Para virar lei, a emenda precisava ser aprovada em segundo turno. Como somente dez deputados da atual legislatura foram reeleitos, não haveria mobilização na
Casa para barrar novamente a
venda do Banestes.
O recuo da Assembléia, no entanto, se deu em outros moldes. O
presidente da Casa, José Carlos
Gratz (PFL), que antes era contra
a privatização, agora é a favor. A
emenda constitucional nem será
posta em votação. Gratz é adversário político de Hartung.
O assessor de comunicação da
Secretaria da Fazenda, Eustáquio
Palhares, afirmou que o processo
não chegou a ser interrompido.
"O que aconteceu foi que em janeiro a Assembléia votou uma
PEC (proposta de emenda constitucional) permitindo ao Estado
privatizar o Banestes. Depois, em
agosto, votou em primeiro turno
uma PEC restabelecendo a situação anterior."
Para Palhares, a retração da Casa só pode ser explicada por motivos políticos, "por alguns acordos
que certamente não foram cumpridos". Questionado se agora o
governo do Estado fez algum tipo
de acordo com a Casa, Palhares
disse que houve "entendimento e
negociações nesse sentido".
O presidente da Assembléia
afirmou que se o atual governo
não concluir o processo de privatização ele colocará em votação a
PEC para impedir a venda.
"Até 31 de janeiro tenho força
política para aprovar a emenda e
evitar que o futuro governador faça demagogia. Ele diz que é contra
mas, no íntimo, quer a privatização. O Banestes representa 21%
da dívida do Estado", disse Gratz.
O coordenador de programas
de governo de Hartung, César
Vasquez, afirmou que a privatização do Banestes não era necessária porque foi feito um saneamento financeiro. "Vamos profissionalizar ao máximo a gestão. O que
ele não pode ser é gerador de déficit, mas isso se resolve com uma
boa administração." O leilão do
banco está previsto para o dia 12
ou 17 de dezembro. O senador
Paulo Hartung não retornou as ligações da Agência Folha.
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