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CIÊNCIAS SOCIAIS
Brasilianista diz que esquerdas de países vizinhos não têm como seguir modelo do PT por não terem base social
Para Maxwell, idéia de "salvação" é perigosa
RAFAEL CARIELLO
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU
Para o historiador e brasilianista
inglês Kenneth Maxwell, o PT não
pode servir como um modelo
imediato para a esquerda latino-americana pelo simples motivo
que não há, a seu ver, partidos de
esquerda organizados com base
social na região.
"Fora do Chile e do México, o
que há são partidos clientelistas,
velhos, que procuram tirar vantagens do controle do Estado", disse
Maxwell em Caxambu, onde se
realiza o encontro da Anpocs.
Para o historiador, a fragilidade
do sistema partidário da maioria
dos vizinhos do Brasil é o que explica a tradição de atuação política dos partidos e movimentos de
esquerda da América Latina, bem
distantes do pragmatismo petista.
Antes do primeiro turno das
eleições brasileiras, o historiador
apontou, em artigo no jornal britânico "Financial Times", a "demonização" do PT pelo mercado.
O texto responsabilizava a orientação do FMI pela vulnerabilidade da economia brasileira e dizia
que o PT modernizou sua ideologia e se move para o centro.
Ontem Maxwell afirmou achar
curioso que se perguntasse sobre
a influência do PT na América Latina e recomendou que devia haver preocupação é com o Brasil:
"Isso é um perigo para os próximos meses. Que achem que o PT
possa ser a salvação do mundo".
Para o cientista político Antonio
Albino Rubim, da UFBA (Universidade Federal da Bahia), na guerra de imagens que marcou as eleições, entre a "competência política" de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e a "competência técnica" de
José Serra (PSDB), venceu a do
"Lula Negociador", que responde
melhor à crise de projetos.
A decantada capacidade de Serra poderia ser valiosa se a crise
fosse só conjuntural, diz Rubim,
autor do estudo "Das Visibilidades das Eleições de 2002: Uma Reflexão Acerca dos Enlaces entre
Política, Mídia e Cultura", apresentado ontem no congresso.
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