São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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Para assessor econômico petista, FHC vai ser "fiador" de governo Lula

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa indicação de que as mudanças na política econômica a serem promovidas pelo PT não levarão a rupturas, Guido Mantega, um dos principais assessores econômicos do partido, disse ontem contar com o presidente Fernando Henrique Cardoso na posição de fiador de um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Não romper com os pilares da atual política econômica, não significa, no entanto, que o PT endossaria automaticamente um aumento da meta de superávit primário (economia de gastos para pagamento de juros).
Para Mantega, o cenário que se esboça para os próximos meses não aponta para a necessidade de aperto maior nas contas públicas. O aumento da meta de superávit deverá ser discutido na revisão do acordo do FMI (Fundo Monetário Internacional) prevista para ocorrer em novembro.
Para os investidores, o tamanho do superávit indica a capacidade que o governo terá de honrar suas dívidas no futuro. Cortar gastos, por outro lado, diminui a capacidade do governo de investimento no país. Significa também, em princípio, menos crescimento econômico.
Mantega reiterou que o PT fará o "superávit primário que for necessário". Segundo o economista do PT, no entanto, a atual meta (de 3,75% do PIB em 2003) é suficiente para garantir aos investidores que o Brasil honrará seus compromissos.
Para sustentar sua posição, o economista traça um cenário positivo em que o dólar vai começar a se desvalorizar, os juros terão espaço para cair, e o crescimento econômico será retomado.

Apoio de FHC
Um ponto importante para que suas expectativas otimistas aconteçam é o apoio de FHC depois das eleições. "Acabando as eleições, virá o bom senso, a análise fria e mais realista. As pessoas vão ver que os compromissos do PT são sérios, que o governo será responsável. FHC vai ser fiador do nosso governo. Vai dar sustentação", afirma Mantega.
Para o assessor econômico petista, o aval de FHC a Lula não pode ainda ser dado devido à campanha do candidato governista à Presidência. Esse aval ajudará a aumentar a confiança no governo do PT, avalia.
"A pior situação que vivemos é agora", afirma. Segundo Mantega, à medida que fica mais claro quais serão o resultado do pleito de domingo e as políticas econômicas que o PT seguirá, o mercado vai se acalmando.
O economista do PT citou as altas consecutivas da Bolsa de Valores, a queda do risco Brasil e a valorização dos títulos da dívida externa brasileira como sinais indicativos de um cenário menos turbulento e de confiança num eventual governo do PT. Enfatizou, contudo, que, se a situação se agravar, o PT não hesitará em fortalecer o ajuste fiscal.


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