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GOVERNADORES
MATO GROSSO DO SUL
Num surpreendente segundo turno, campanha reproduz o duelo nacional
ZECA DO PT
Forçado ao segundo turno, governador nega usar máquina
FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Apesar de o PT de Mato Grosso
do Sul ter eleito pela primeira vez
um senador e aumentado de dois
para três deputados federais, o
primeiro turno teve sabor de derrota para o governador Zeca do
PT, que esperava vencer no dia 6.
Agora, além da disputa acirrada
com Marisa, Zeca enfrenta diversas denúncias de uso da máquina,
a ponto de o TSE ter aprovado o
uso de força federal no domingo.
Na pesquisa Ibope divulgada na
semana passada, há empate técnico. O petista tem 49% das intenções de voto, e Marisa, 44%. A
margem de erro é 3,5 pontos.
Agência Folha - Como o sr. viu a
intervenção de tropas federais na
eleição no Estado?
Zeca do PT - Normal, como é em
mais 11 Estados. Se for para contribuir para a normalidade, que
tenho certeza de que vai ser, não
tem mistério nenhum.
Agência Folha - O sr. ficou conhecido pelo relacionamento próximo
com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Como o sr. imagina o
seu relacionamento com Lula, caso
ambos sejam eleitos?
Zeca do PT - Melhor do que com
Fernando Henrique, pela relação
pessoal que eu tenho com Lula e
também e porque não vou ter
mais o boicote de três senadores,
agora eu tenho um senador [Delcídio Gomez", não vou ter mais
boicote da bancada federal, hoje
majoritariamente contra.
Agência Folha - E em um eventual
governo Serra?
Zeca do PT - Eu não trabalho
com essa hipótese.
Agência Folha - Quais as primeiras dificuldades que Lula deve enfrentar?
Zeca do PT - O Lula vai ter muita
dificuldade, estou falando isso
por onde tenho ido até para alertar. Ele vai ter de fazer um governo de apelo nacionalista para
manter acesa essa chama que o
está conduzindo à Presidência.
Ninguém muda tudo de um dia
para noite, eu sofri isso.
Agência Folha - Este ano o PT se
coligou com partidos controlados
por deputados que em 98 apoiaram o candidato governista, Ricardo Bacha (PSDB). Por outro lado, o
PPS e parte do PDT ligada ao vice-governador Moacir Kohl, que estavam na sua eleição em 98, agora
apóiam a candidata tucana. Por
que essa inversão?
Zeca do PT - Não teve inversão,
vamos corrigir. Primeiro, que o
PT não está coligado com partidos que apoiavam Wilson Barbosa (PMDB). Nós construímos essa
experiência extraordinária. Humildemente, ajudei inclusive nesse debate nacional do PT. Ninguém governa sem Parlamento.
Esses deputados foram apoios
importantes que consolidaram
um projeto para a gente estar junto para continuar as mudanças.
Segundo, não é verdade do PDT
do Kohl e o PPS estão com a Marisa. Na verdade estamos com a
parte eleitoralmente forte do PPS,
do PDT e do PSB.
Agência Folha - O seu governo
tem vivido uma guerra fiscal por
causa do ICMS do gás natural e de
incentivos à indústria. Como o sr.
tratará disso, se reeleito?
Zeca do PT - O que vai resolver isso é a reforma tributária.
Agência Folha - Pretende reeditar o Orçamento Participativo?
Zeca do PT - Não sei. Enquanto
não tiver um Orçamento real, de
verdade, não dá porque acaba não
disponibilizando recursos para
fazer investimentos que a sociedade demanda. Estamos trabalhando para superar a fase da peça
orçamentária como obra de ficção. Quero um Orçamento real.
Agência Folha - Durante a campanha, houve denúncias de uso eleitoral do programa de cesta básica.
Zeca do PT - É muito próprio da
campanha eleitoral, nos cercamos
de todos os cuidados, criamos o
código de conduta eleitoral, fizemos um decreto definindo a distribuição das cestas. Aqui ou acolá pode ter excessos, mas imediatamente afastamos o servidor.
Colaborou CHICO DE GOIS,
enviado especial a Campo Grande
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