São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNADORES

MATO GROSSO DO SUL

Num surpreendente segundo turno, campanha reproduz o duelo nacional

ZECA DO PT

Forçado ao segundo turno, governador nega usar máquina

FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Apesar de o PT de Mato Grosso do Sul ter eleito pela primeira vez um senador e aumentado de dois para três deputados federais, o primeiro turno teve sabor de derrota para o governador Zeca do PT, que esperava vencer no dia 6.
Agora, além da disputa acirrada com Marisa, Zeca enfrenta diversas denúncias de uso da máquina, a ponto de o TSE ter aprovado o uso de força federal no domingo.
Na pesquisa Ibope divulgada na semana passada, há empate técnico. O petista tem 49% das intenções de voto, e Marisa, 44%. A margem de erro é 3,5 pontos.

Agência Folha - Como o sr. viu a intervenção de tropas federais na eleição no Estado?
Zeca do PT -
Normal, como é em mais 11 Estados. Se for para contribuir para a normalidade, que tenho certeza de que vai ser, não tem mistério nenhum.

Agência Folha - O sr. ficou conhecido pelo relacionamento próximo com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Como o sr. imagina o seu relacionamento com Lula, caso ambos sejam eleitos?
Zeca do PT -
Melhor do que com Fernando Henrique, pela relação pessoal que eu tenho com Lula e também e porque não vou ter mais o boicote de três senadores, agora eu tenho um senador [Delcídio Gomez", não vou ter mais boicote da bancada federal, hoje majoritariamente contra.

Agência Folha - E em um eventual governo Serra?
Zeca do PT -
Eu não trabalho com essa hipótese.

Agência Folha - Quais as primeiras dificuldades que Lula deve enfrentar?
Zeca do PT -
O Lula vai ter muita dificuldade, estou falando isso por onde tenho ido até para alertar. Ele vai ter de fazer um governo de apelo nacionalista para manter acesa essa chama que o está conduzindo à Presidência. Ninguém muda tudo de um dia para noite, eu sofri isso.

Agência Folha - Este ano o PT se coligou com partidos controlados por deputados que em 98 apoiaram o candidato governista, Ricardo Bacha (PSDB). Por outro lado, o PPS e parte do PDT ligada ao vice-governador Moacir Kohl, que estavam na sua eleição em 98, agora apóiam a candidata tucana. Por que essa inversão?
Zeca do PT -
Não teve inversão, vamos corrigir. Primeiro, que o PT não está coligado com partidos que apoiavam Wilson Barbosa (PMDB). Nós construímos essa experiência extraordinária. Humildemente, ajudei inclusive nesse debate nacional do PT. Ninguém governa sem Parlamento.
Esses deputados foram apoios importantes que consolidaram um projeto para a gente estar junto para continuar as mudanças. Segundo, não é verdade do PDT do Kohl e o PPS estão com a Marisa. Na verdade estamos com a parte eleitoralmente forte do PPS, do PDT e do PSB.

Agência Folha - O seu governo tem vivido uma guerra fiscal por causa do ICMS do gás natural e de incentivos à indústria. Como o sr. tratará disso, se reeleito?
Zeca do PT -
O que vai resolver isso é a reforma tributária.

Agência Folha - Pretende reeditar o Orçamento Participativo?
Zeca do PT -
Não sei. Enquanto não tiver um Orçamento real, de verdade, não dá porque acaba não disponibilizando recursos para fazer investimentos que a sociedade demanda. Estamos trabalhando para superar a fase da peça orçamentária como obra de ficção. Quero um Orçamento real.

Agência Folha - Durante a campanha, houve denúncias de uso eleitoral do programa de cesta básica.
Zeca do PT -
É muito próprio da campanha eleitoral, nos cercamos de todos os cuidados, criamos o código de conduta eleitoral, fizemos um decreto definindo a distribuição das cestas. Aqui ou acolá pode ter excessos, mas imediatamente afastamos o servidor.


Colaborou CHICO DE GOIS, enviado especial a Campo Grande


Texto Anterior: Acre: Ronivon aguarda julgamento de habeas corpus
Próximo Texto: Marisa Serrano: Surpresa, tucana diz que pretende fazer pacto do centro-sul
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.