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Por tucanos, Lula barra emenda da saúde
Por precisar de votos do PSDB para prorrogar a CPMF, presidente freia votação no Congresso e quer negociar aumento de repasses
Em reunião com aliados, petista vê placar apertado para garantir imposto do cheque; Mantega conversa hoje com cúpula tucana
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para salvar um acordo com o
PSDB a fim de prorrogar a
CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva interveio ontem numa disputa política entre os petistas Tião Viana (AC),
presidente interino do Senado,
e Arlindo Chinaglia (SP), presidente da Câmara.
Lula determinou que Viana e
Chinaglia não votassem a regulamentação da emenda constitucional 29, que elevará recursos para a área da saúde. Motivo: uma das reivindicações do
PSDB para prorrogar a CPMF é
a elevação de recursos para a
saúde, o que dependerá da regulamentação da emenda 29.
Lula quer que o PSDB seja
consultado sobre a emenda e
que sua regulamentação não
seja decidida apenas pela base.
O presidente definiu os pontos em que aceita fechar acordo
com os tucanos: elevar gastos
em saúde, reduzir a alíquota de
0,38% para 0,30% gradativamente, redução de impostos e
maior repartição com Estados
dos recursos da Cide (tributo
para manutenção e recuperação de estradas).
Lula rejeita, porém, as reivindicações de diminuir gastos
correntes (despesas de manutenção da máquina pública) e
uma renovação da CPMF por
apenas um ano. "Ele [Lula]
quer opções para negociar",
disse o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) depois da reunião.
A primeira decisão de Lula
foi frear a votação sobre a
emenda 29. Viana e Chinaglia,
que são médicos, travavam disputa para ver quem votaria primeiro a emenda 29 para agradar à classe médica.
Com a intervenção de Lula, a
Câmara deverá apreciar o mérito da emenda só na semana
que vem. O Senado não incluiu
o assunto na pauta de ontem. A
decisão do presidente foi tomada em reunião com líderes aliados após encontro do conselho
político no Planalto.
Líderes
Lula ouviu de seus líderes
que, de uma base aliada de 53
senadores, quatro defecções
são tidas como certas, o que
teoricamente garantiria os 49
votos necessários para aprovar
a CPMF. Só que garantidos
mesmo são só 43 votos.
Diante dessa fragilidade no
Senado, Lula disse aos líderes
que o governo não pode "perder o PSDB de vista" e que via
com alento as declarações dos
governadores José Serra (SP) e
Aécio Neves (MG) em negociar.
Jucá disse acreditar que se
houver agrado aos governadores, o PSDB deve liberar a bancada. Dos 13 votos, viriam na
pior das hipóteses seis ou sete.
O ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) disse que o governo concorda em desonerar impostos,
mas disse que o corte de tributos sobre a folha de pagamento
vai demorar mais. Já a redução
de impostos sobre investimentos em saneamento, defendida
por tucanos, deve ser aceita. "O
governo concordou em ampliar
os recursos da saúde a partir de
2008. O valor está sendo discutido", disse Walfrido.
O governo praticamente descartou o projeto de isentar da
CPMF quem movimenta nos
bancos até R$ 1.200 e tem só
uma conta bancária por avaliar
que a desoneração é pequena.
Os senadores do PSDB devem ter hoje um encontro com
o ministro Guido Mantega (Fazenda) para discutir a prorrogação da CPMF. Um dos pontos a ser negociado é a regulamentação da emenda 29.
"Vamos ouvir o que o governo quer nos dizer para perceber
se há sinceridade, se estão falando sério ou não. Porque esse
governo já fraudou compromissos e não vamos cair no
mesmo conto, não somos otários", disse o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM).
O PSDB está dividido. Anteontem, durante uma reunião
da Executiva Nacional, a bancada de deputados fez dura cobrança para que os senadores
não cedam ao governo. O embate foi tenso. Os deputados dizem que passaram meses protelando a votação da CPMF e
que, agora, o Senado estaria se
curvando ao governo.
(KENNEDY ALENCAR, ANGELA PINHO, VALDO CRUZ,
SILVIO NAVARRO E LETÍCIA SANDER)
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