São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Procuradoria investigará elo entre Cisco e PT

Ministério Público informa que tinha conhecimento das escutas, mas que sua prioridade era apurar a fraude em importações

Segundo o órgão, a suspeita foi deixada de lado para "não prejudicar o sigilo dos autos, fundamental para o sucesso de toda a operação"

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal de São Paulo informou ontem que o órgão irá investigar a suposta "doação" de R$ 500 mil ao PT relatada por executivos da Cisco em escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal. Os interlocutores sugerem que o dinheiro seria contrapartida para um benefício em licitação da Caixa Econômica Federal.
"O Ministério Público Federal esclarece que será apurada oportunamente a suposta doação de R$ 500 mil da Cisco ao Partido dos Trabalhadores, visando manipular o resultado de uma licitação da Caixa Econômica Federal", disse o órgão.
Em nota, a Procuradoria informou que tinha conhecimento do teor das conversas, mas que decidiu priorizar a investigação sobre fraude em importação envolvendo a Cisco do Brasil, que domina cerca de 80% do mercado de equipamentos de informática no país.
"Na época em que tais diálogos surgiram nas interceptações telefônicas, autorizadas judicialmente, foi decidido que as investigações a respeito de fatos que não tivessem ligação com as fraudes em importação seriam apuradas assim que as diligências da Operação Persona fossem desencadeadas. O objetivo era não prejudicar o sigilo dos autos, fundamental para o sucesso de toda a operação", informou a Procuradoria.
Na semana passada, a PF e o Ministério Público Federal deflagraram a Operação Persona, que terminou com a prisão de 42 pessoas acusadas de formação de quadrilha, sonegação fiscal e corrupção de agentes públicos. Ontem a Folha divulgou o teor das conversas transcritas em um relatório da PF.
Segundo o Ministério Público, ainda será discutida se a jurisdição do caso será São Paulo ou Brasília, sede do banco.
As referências à palavra "doação", segundo o relatório da PF, partem do fundador da Cisco do Brasil, Carlos Carnevali, e de executivos da distribuidora Mude Comércio e Serviços Ltda., apontada como a importadora oculta -Francisco Gandin, José Roberto Pernomian e Fernando Grecco.
Num dos trechos do relatório enviado à Justiça, a PF informa que Grecco conversa com Pernomian, ambos da Mude, para "acertarem valores e datas do negócio de Carlinhos Carnevali com um representante do PT". Em outro momento, a polícia relata um diálogo entre Carnevali e Gandin, em que este cita negócios entre o fundador da Cisco e a Caixa.
Não há referência ao nome do suposto contato do PT.


Texto Anterior: Jantar do DEM tem bate-boca com Jobim e Walfrido
Próximo Texto: Outro lado: Caixa diz não ter contratos com a empresa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.