São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Suspeita é "uma informação perdida no ar", diz Berzoini

Presidente do PT afirma que o partido não tem nenhuma relação com a Cisco

Deputados e senadores da oposição avaliam que as acusações são graves e já cogitam criar uma CPI para investigar as suspeitas

FELIPE SELIGMAN
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto parlamentares petistas negavam ou evitavam comentar a suspeita de que a Cisco teria "doado" R$ 500 mil para o PT em contrapartida para algum tipo de benefício em licitação na Caixa Econômica Federal, deputados e senadores de oposição foram ao ataque e até cogitam a criação de uma CPI para investigar o caso.
O presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que tal suspeita é "uma informação perdida no ar". "O PT não tem qualquer relação com essa empresa. Consultei membros da Executiva do partido e pedi um levantamento sobre doações. Todos afirmaram que não conhecem e não têm nenhuma relação com ninguém da empresa", afirmou.
"No PT, são três ou quatro pessoas responsáveis por essa atividade [buscar recursos para o partido]. Eles foram questionados e não encontramos nada". O deputado também disse que desconhece a existência de contrato entre a CEF e a Cisco.
O líder do PT na Câmara, deputado Luiz Sérgio (RJ), afirmou que o nome do PT foi usado de forma "leviana". "Quem utilizou a expressão PT, utilizou-se de maneira leviana. Porque o PT não tem nenhuma relação com essa empresa", disse.
Já o senador Sibá Machado (PT-AC) considerou "preocupante" os indícios contra o partido. "Porque passamos recentemente por um período muito conturbado. Uma má notícia como essa levanta novamente suspeitas contra o PT", disse. "Espero que seja alarme falso."
A Folha passou o dia de ontem no Congresso à procura de parlamentares petistas para ouvi-los sobre as suspeitas. A maioria preferiu não comentar. Para o senador José Agripino (RN), líder do DEM, "mais uma vez o PT está envolvido em suspeitas de má conduta. Parece que nunca vai terminar essa cadeia de suspeitas".
Já o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), disse que as acusações são "graves". "Vamos analisar para ver se cabe a criação de uma CPI." O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) vai pela mesma linha: "Vamos solicitar ao Banco Central o rastreamento das contas do PT. Mas as evidências são suficientemente graves para que se crie CPI".
A Folha revelou ontem que a Polícia Federal gravou conversas telefônicas entre empresários do setor de informática que relatam uma "doação" de R$ 500 mil ao PT como contrapartida para algum tipo de benefício numa licitação da CEF.
A informação está em relatório da PF, que investigou por dois anos o suposto grupo criminoso. Na última semana, foram presos 42 acusados de formação de quadrilha, sonegação fiscal e corrupção de agentes públicos, entre outros crimes.


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