São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Análise

Tática chavista deixa questão técnica de lado

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

A eventual aprovação definitiva da entrada da Venezuela no Mercosul se adequaria à estratégia chavista de insistir na aprovação política e deixar questões técnicas para depois. Essa tática foi usada no Banco do Sul, formalizado antes de ter um desenho final. Em ambos os casos, tem havido a condescendência do governo Lula.
Por (falta de) iniciativa venezuelana, as negociações técnicas estão congeladas. A última reunião, que ocorreria em Brasília em 21 de setembro -um dia após o encontro entre Hugo Chávez e Lula, em Manaus-, foi cancelada pelo governo venezuelano.
Na época, a desculpa dada foi a falta de lugar em vôos. Mais de um mês depois, não há sequer uma nova data para a reunião.
O Itamaraty considera a falta de avanços na parte técnica um sinal ruim, mas vê a questão como um falso dilema. Prefere apoiar a entrada do país no Mercosul para manter o crescimento das exportações, de US$ 608 milhões, em 2003, para US$ 3,6 bilhões no ano passado.
Como as exportações venezuelanas são irrisórias, as negociações tarifárias trazem um risco mínimo ao Brasil. Por outro lado, a assimetria no comércio é vista em Caracas como uma séria ameaça à frágil produção não-petroleira venezuelana caso o país ingresse no bloco.
Se o aspecto técnico requer cautela, a negociação política é mais urgente. Apesar de falar que o "velho Mercosul" não interessa, Chávez está em posição delicada. A Venezuela não pertence a nenhum bloco econômico. No momento em que Chávez impulsiona um regime cada vez mais autoritário, qualquer sinalização de isolamento lhe será prejudicial.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Funcionalismo: STF deve julgar hoje direito de greve dos servidores públicos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.