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Análise
Tática chavista deixa questão técnica de lado
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A eventual aprovação
definitiva da entrada da
Venezuela no Mercosul se
adequaria à estratégia chavista de insistir na aprovação política e deixar questões técnicas para depois.
Essa tática foi usada no
Banco do Sul, formalizado
antes de ter um desenho
final. Em ambos os casos,
tem havido a condescendência do governo Lula.
Por (falta de) iniciativa
venezuelana, as negociações técnicas estão congeladas. A última reunião,
que ocorreria em Brasília
em 21 de setembro -um
dia após o encontro entre
Hugo Chávez e Lula, em
Manaus-, foi cancelada
pelo governo venezuelano.
Na época, a desculpa dada foi a falta de lugar em
vôos. Mais de um mês depois, não há sequer uma
nova data para a reunião.
O Itamaraty considera a
falta de avanços na parte
técnica um sinal ruim,
mas vê a questão como um
falso dilema. Prefere
apoiar a entrada do país no
Mercosul para manter o
crescimento das exportações, de US$ 608 milhões,
em 2003, para US$ 3,6 bilhões no ano passado.
Como as exportações
venezuelanas são irrisórias, as negociações tarifárias trazem um risco mínimo ao Brasil. Por outro lado, a assimetria no comércio é vista em Caracas como uma séria ameaça à
frágil produção não-petroleira venezuelana caso o
país ingresse no bloco.
Se o aspecto técnico requer cautela, a negociação
política é mais urgente.
Apesar de falar que o "velho Mercosul" não interessa, Chávez está em posição delicada. A Venezuela não pertence a nenhum
bloco econômico. No momento em que Chávez impulsiona um regime cada
vez mais autoritário, qualquer sinalização de isolamento lhe será prejudicial.
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