São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO

Rivais repetem bordões e ataques no debate final

Kassab explora ligação do PT com o mensalão; Marta associa prefeito a Pitta

Petista aparentou estar mais à vontade em último confronto; candidato do DEM mostrou nervosismo e teve lapsos de memória

Marlene Bergamo/Folha Imagem
Os candidatos a prefeito Gilberto Kassab (DEM) e Marta Suplicy (PT), pouco antes do debate; no centro, o mediador, Chico Pinheiro

DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO

Os dois candidatos à Prefeitura de São Paulo recorreram ontem no último debate antes do segundo turno a bordões amplamente explorados por suas campanhas nesses quase quatro meses de disputa. Embora "engessados" pelas regras e pelo curto tempo, Gilberto Kassab (DEM) e Marta Suplicy (PT) não pouparam críticas e acusações mútuas na cerca de uma hora e 30 minutos que durou o debate da TV Globo.
Aparentando maior nervosismo e lapsos de memória em alguns momentos, Kassab explorou a ligação do PT com o mensalão, as taxas criadas e as finanças da gestão da adversária (2001-2004).
Mais à vontade, Marta citou por diversas vezes a ligação de Kassab com o ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000), os projetos de aliados do prefeito para criação do pedágio urbano e supostas falhas da administração na área de habitação.
Assim como nos cinco debates televisivos realizados nestas eleições -três no primeiro turno e três no segundo-, Kassab e Marta se acusaram de mentir, desrespeitar e desprezar o eleitor, embora o clima tenha sido menos tenso.
De acordo com pesquisa Datafolha finalizada na quarta, o democrata tem 18 pontos percentuais de vantagem sobre a petista -54% das intenções de voto contra 36%.
No final, aliados de Kassab na platéia se abraçaram. Luiz Gonzales, marqueteiro, chorou. Kassab seguiu para comemoração em sua produtora. Os aliados de Marta disseram que a petista se saiu melhor, mas estavam mais contidos.

Despejo
Sorteado para iniciar as perguntas, Kassab explorou as finanças deixadas por Marta em 2004. "O seu vice Hélio Bicudo [na gestão 2001-2004] disse em seu livro que você deixou a cidade falida, quebrada."
Assim como disse durante toda a campanha, Marta lembrou que suas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município e disse que recebe a cidade quebrada do antecessor. "A cidade que eu recebi foi de você. Você e o Pitta." Kassab foi secretário de Planejamento de Pitta.
Marta também partiu para o ataque já na primeira pergunta. Leu ao prefeito um aviso de despejo que seria enviado pela prefeitura a famílias em situação irregular. Entre as recomendações, estaria a de "não deixar crianças no caminho".
O prefeito disse que desconhecia a existência do documento e afirmou que Marta tentava fazer uma "pegadinha". "Kassab, respeitar as pessoas não é com você mesmo, o que eu acabei de ler é um documento de despejo que você manda para as pessoas na véspera. No dia seguinte vai cachorro, gás lacrimogêneo, trator e polícia. Não é pegadinha, estamos falando de gente, de seres humanos", atacou Marta.
Na rodada seguinte de perguntas, Marta e Kassab trocaram acusações sobre a responsabilidade pelas chamadas "escolas de lata".
Um dos momentos mais tensos ocorreu quando Marta lembrou episódio que resultou em julho na prisão de Georges Marcelo Eivazian, militante do DEM, partido do prefeito, sob acusação de chefiar quadrilha que achacaria ambulantes ilegais do Brás, Mooca e Tatuapé.
"É auxiliar seu, foi candidato a deputado pelo PFL/DEM. (...) Esse cidadão tá preso há três meses. É a máfia dos fiscais voltando em São Paulo?", perguntou Marta.
Kassab respondeu afirmando que apoiou a investigação que resultou na prisão e novamente questionou a petista sobre o caso do mensalão.
"O que o procurador-geral da República chamou de "quadrilha", eu nunca vi você criticar esses seus companheiros que fazem campanha com você e dizer que se afastou deles. (...) Eu queria ouvir o que você pensa desse time que o procurador-geral chamou de quadrilha", disse Kassab. Pelas regras, Marta não poderia responder naquele momento.
Marta voltou a questionar Kassab sobre a possibilidade de ele instituir o pedágio urbano na cidade, já que aliados seus apresentaram projetos nesse sentido na Câmara Municipal. "Enquanto eu for prefeito de São Paulo não haverá pedágio urbano na cidade", disse Kassab, afirmando que não é "ditador" para proibir os vereadores aliados de se manifestar. O prefeito devolveu lembrando as taxas criadas na administração da ex-prefeita. "Pra que tanta taxa? Bastava não jogar dinheiro fora com túnel".
(CATIA SEABRA, CONRADO CORSALETTE e RANIER BRAGON)



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