São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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entrevista

"Bateram no meu governo", afirma Wagner

DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), 57, não esconde a irritação com o PMDB de seu Estado. Disse que o tom mais agressivo dos últimos dias é uma resposta ao tratamento que a sigla tem dado a ele e ao PT e que seu adversário nesta disputa, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) tem estilo "mais espaçoso".

 

FOLHA - PT e PMDB vão conseguir retomar a aliança na Bahia?
JAQUES WAGNER
- Chega uma hora em que, se você não responde, pode parecer que esteja gostando. Não é admissível que eles façam uma campanha insidiosa contra o PT. Faço questão de dizer isso para não parecer que foi uma erupção da minha parte. É impossível tolerar um negócio desses. A outra coisa foi terem colocado o meu governo na história. A disputa não é de governo estadual. Em tese, o PMDB é meu aliado. Bateram no meu governo, sou obrigado a responder.

FOLHA - A disputa pelo governo da Bahia já foi deflagrada?
WAGNER
- Em 2010, cada um tomará o rumo que entender. A aliança não pressupõe subserviência, mas lealdade.

FOLHA - Lula mostrou preocupação com o clima entre os partidos na Bahia [na quinta-feira, Wagner esteve com o presidente]?
WAGNER
- Não. Eu disse que a temperatura subiu porque é próprio da eleição, mas que estou defendendo esta aliança em nível nacional. E aqui também não teve proclamação de rompimento.

FOLHA - Geddel afirmou que não quer criar problema para Lula, sugerindo que o sr. o faz.
WAGNER
- Não é verdade. Sempre criei soluções para Lula. Era eu que estava ao lado dele em 2005, na crise do mensalão. Tentar trazer a questão nacional para cá é supervalorizar o problema. Continuarei defendendo a aliança PT-PMDB no governo federal para a sucessão de 2010. Se puder continuar a aliança no Estado, ótimo. Se ficar impossível, continuarei trabalhando nacionalmente.

FOLHA - Se Walter Pinheiro perder, a interpretação será a de que Geddel ganhou a disputa.
WAGNER
- O Geddel tem o tamanho dele, eu tenho o meu. É óbvio que, se o candidato do PMDB ganhar, é um fortalecimento do PMDB, não entendo como enfraquecimento meu. Eu ganhei uma eleição com 50 prefeitos.

FOLHA - Se confirmada a derrota do PT em Salvador, o sr. vai precisar do apoio do PMDB para se reeleger em 2010. A briga não pode ser um tiro no pé?
WAGNER
- Não fui eu que briguei. Respondi aos ataques que já vinham acontecendo.

FOLHA - O comportamento do Geddel incomoda?
WAGNER
- Não. Evidentemente que ele tem um estilo mais espaçoso do que o meu, do que a média. Mas eu não faço nem recebo ameaça.

FOLHA - Adversários acusam Geddel de ter feito o partido crescer com recursos do ministério.
WAGNER
- Todo mundo que está no poder vai querer que sua ação apareça. Seria mentira se eu não dissesse que há expectativa de que a satisfação redunde em simpatia.


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