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entrevista
"Bateram no meu governo", afirma Wagner
DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), 57, não
esconde a irritação com o
PMDB de seu Estado. Disse
que o tom mais agressivo dos
últimos dias é uma resposta
ao tratamento que a sigla
tem dado a ele e ao PT e que
seu adversário nesta disputa,
o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional)
tem estilo "mais espaçoso".
FOLHA - PT e PMDB vão conseguir retomar a aliança na Bahia?
JAQUES WAGNER - Chega uma
hora em que, se você não responde, pode parecer que esteja gostando. Não é admissível que eles façam uma campanha insidiosa contra o PT.
Faço questão de dizer isso
para não parecer que foi uma
erupção da minha parte. É
impossível tolerar um negócio desses. A outra coisa foi
terem colocado o meu governo na história. A disputa não
é de governo estadual. Em tese, o PMDB é meu aliado. Bateram no meu governo, sou
obrigado a responder.
FOLHA - A disputa pelo governo
da Bahia já foi deflagrada?
WAGNER - Em 2010, cada um
tomará o rumo que entender. A aliança não pressupõe
subserviência, mas lealdade.
FOLHA - Lula mostrou preocupação com o clima entre os partidos
na Bahia [na quinta-feira, Wagner esteve com o presidente]?
WAGNER - Não. Eu disse que
a temperatura subiu porque
é próprio da eleição, mas que
estou defendendo esta aliança em nível nacional. E aqui
também não teve proclamação de rompimento.
FOLHA - Geddel afirmou que
não quer criar problema para Lula, sugerindo que o sr. o faz.
WAGNER - Não é verdade.
Sempre criei soluções para
Lula. Era eu que estava ao lado dele em 2005, na crise do
mensalão. Tentar trazer a
questão nacional para cá é
supervalorizar o problema.
Continuarei defendendo a
aliança PT-PMDB no governo federal para a sucessão de
2010. Se puder continuar a
aliança no Estado, ótimo. Se
ficar impossível, continuarei
trabalhando nacionalmente.
FOLHA - Se Walter Pinheiro perder, a interpretação será a de que
Geddel ganhou a disputa.
WAGNER - O Geddel tem o tamanho dele, eu tenho o meu.
É óbvio que, se o candidato
do PMDB ganhar, é um fortalecimento do PMDB, não
entendo como enfraquecimento meu. Eu ganhei uma
eleição com 50 prefeitos.
FOLHA - Se confirmada a derrota do PT em Salvador, o sr. vai precisar do apoio do PMDB para se
reeleger em 2010. A briga não pode ser um tiro no pé?
WAGNER - Não fui eu que briguei. Respondi aos ataques
que já vinham acontecendo.
FOLHA - O comportamento do
Geddel incomoda?
WAGNER - Não. Evidentemente que ele tem um estilo
mais espaçoso do que o meu,
do que a média. Mas eu não
faço nem recebo ameaça.
FOLHA - Adversários acusam
Geddel de ter feito o partido crescer com recursos do ministério.
WAGNER - Todo mundo que
está no poder vai querer que
sua ação apareça. Seria mentira se eu não dissesse que há
expectativa de que a satisfação redunde em simpatia.
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