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Juiz proíbe Dantas de deixar país sem autorização judicial
Ordem se estende a Humberto Braz e Hugo Chicaroni, supostos emissários do banqueiro
Nélio Machado, que faz a defesa de Dantas, admite que seu cliente pode ser condenado em 1ª instância pelo crime de corrupção
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A menos de dois meses para a
conclusão do processo aberto
contra Daniel Dantas por suposta tentativa de corrupção de
um policial, o juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo, proibiu o banqueiro de deixar o país sem prévia autorização judicial.
De Sanctis foi o juiz que determinou, por duas vezes, a prisão de Dantas -as duas ordens
foram anuladas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes.
Ontem, a orientação foi dada
após o último interrogatório do
banqueiro e dos dois supostos
emissários dele na tentativa de
pagar US$ 1 milhão a um delegado federal para que o inquérito aberto contra ele por crime
financeiro fosse engavetado -a
negociação com o policial foi
gravada pela Polícia Federal
com autorização da Justiça.
De Sanctis determinou que
nenhum dos réus pode viajar
para o exterior ou mudar de residência sem comunicar à Justiça por escrito. A ordem valerá
até o julgamento, o que deve
ocorrer em até dois meses.
Ontem, o advogado de Dantas, Nélio Machado admitiu a
possibilidade de seu cliente ser
condenado em primeira instância pelo crime de corrupção,
cuja pena é de dois a 12 anos de
prisão. "O julgamento em primeiro grau é como o primeiro
tempo do jogo de futebol. Se eu
tomar gol aqui, vou fazer gol lá
para frente. Estou tranqüilo."
Na sessão de ontem, nenhum
dos três réus falou sobre as acusações -foi a quarta audiência.
Dantas e Humberto Braz, ex-presidente da Brasil Telecom,
já haviam sido ouvidos na quarta-feira passada em sessão fechada à imprensa. Segundo a
Folha apurou, eles negaram
envolvimento na tentativa de
corrupção, disseram desconhecer a origem dos R$ 865 mil
apreendidos na casa de Chicaroni e declararam ser vítimas
de perseguição empresarial.
Ontem, Chicaroni disse que
apenas reiterava o que já havia
dito em outras duas audiências,
em agosto -nas duas ocasiões,
afirmou que o dinheiro apreendido era do Banco Opportunity,
de Dantas, foi entregue na casa
dele a pedido de Braz e seria
usado para pagar o policial.
Presidência
Ontem, após a fase de interrogatório, os advogados dos
réus apresentaram dezenas de
pedidos, como a reconvocação
de testemunhas já ouvidas, a
transcrição integral de todas as
escutas e ainda o envio de um
ofício à Presidência da República, pedindo explicação sobre
um policial que, dias antes de a
Operação Satiagraha ser deflagrada, seguiu um carro de Braz
-era um agente em campo.
O advogado de Chicaroni pediu ainda dez dias para estudar
o caso. O de Braz, requisitou
uma nova perícia de voz.
O juiz apontou a "impertinência" dos pedidos e fixou
prazo de cinco dias úteis para
que o Ministério Público Federal apresente sua manifestação
final por escrito. Foi marcado o
dia 19 de novembro para que os
advogados entreguem as respectivas defesas. De Sanctis pode sentenciar no mesmo dia ou
depois de um prazo de dez dias.
TRF
Nesta semana, o Tribunal
Regional Federal da 3ª Região
julgou um pedido do advogado
de Dantas contra De Sanctis,
que foi acusado de ter errado ao
pedir a segunda prisão do banqueiro. O tribunal entendeu
que a decisão foi correta.
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