São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2008

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Juiz proíbe Dantas de deixar país sem autorização judicial

Ordem se estende a Humberto Braz e Hugo Chicaroni, supostos emissários do banqueiro

Nélio Machado, que faz a defesa de Dantas, admite que seu cliente pode ser condenado em 1ª instância pelo crime de corrupção

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A menos de dois meses para a conclusão do processo aberto contra Daniel Dantas por suposta tentativa de corrupção de um policial, o juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Federal de São Paulo, proibiu o banqueiro de deixar o país sem prévia autorização judicial.
De Sanctis foi o juiz que determinou, por duas vezes, a prisão de Dantas -as duas ordens foram anuladas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes.
Ontem, a orientação foi dada após o último interrogatório do banqueiro e dos dois supostos emissários dele na tentativa de pagar US$ 1 milhão a um delegado federal para que o inquérito aberto contra ele por crime financeiro fosse engavetado -a negociação com o policial foi gravada pela Polícia Federal com autorização da Justiça.
De Sanctis determinou que nenhum dos réus pode viajar para o exterior ou mudar de residência sem comunicar à Justiça por escrito. A ordem valerá até o julgamento, o que deve ocorrer em até dois meses.
Ontem, o advogado de Dantas, Nélio Machado admitiu a possibilidade de seu cliente ser condenado em primeira instância pelo crime de corrupção, cuja pena é de dois a 12 anos de prisão. "O julgamento em primeiro grau é como o primeiro tempo do jogo de futebol. Se eu tomar gol aqui, vou fazer gol lá para frente. Estou tranqüilo."
Na sessão de ontem, nenhum dos três réus falou sobre as acusações -foi a quarta audiência.
Dantas e Humberto Braz, ex-presidente da Brasil Telecom, já haviam sido ouvidos na quarta-feira passada em sessão fechada à imprensa. Segundo a Folha apurou, eles negaram envolvimento na tentativa de corrupção, disseram desconhecer a origem dos R$ 865 mil apreendidos na casa de Chicaroni e declararam ser vítimas de perseguição empresarial.
Ontem, Chicaroni disse que apenas reiterava o que já havia dito em outras duas audiências, em agosto -nas duas ocasiões, afirmou que o dinheiro apreendido era do Banco Opportunity, de Dantas, foi entregue na casa dele a pedido de Braz e seria usado para pagar o policial.

Presidência
Ontem, após a fase de interrogatório, os advogados dos réus apresentaram dezenas de pedidos, como a reconvocação de testemunhas já ouvidas, a transcrição integral de todas as escutas e ainda o envio de um ofício à Presidência da República, pedindo explicação sobre um policial que, dias antes de a Operação Satiagraha ser deflagrada, seguiu um carro de Braz -era um agente em campo.
O advogado de Chicaroni pediu ainda dez dias para estudar o caso. O de Braz, requisitou uma nova perícia de voz.
O juiz apontou a "impertinência" dos pedidos e fixou prazo de cinco dias úteis para que o Ministério Público Federal apresente sua manifestação final por escrito. Foi marcado o dia 19 de novembro para que os advogados entreguem as respectivas defesas. De Sanctis pode sentenciar no mesmo dia ou depois de um prazo de dez dias.

TRF
Nesta semana, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região julgou um pedido do advogado de Dantas contra De Sanctis, que foi acusado de ter errado ao pedir a segunda prisão do banqueiro. O tribunal entendeu que a decisão foi correta.


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