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outro lado
Nomeados negam ter trocado favores; Sarney não comenta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
Mencionados nos grampos
da Polícia Federal, os dois engenheiros ligados à família Sarney que foram nomeados para
a Eletrobrás negam ter trocado
"favores" ou "negócios".
O presidente da estatal, José
Antonio Muniz, afirmou que
José Sarney sempre teve "forte
influência" nas nomeações na
empresa e reconheceu que foi
escolhido para o cargo com o
aval do presidente do Senado.
Disse que é amigo de Fernando
Sarney, mas descartou que o
empresário tenha "feito negócios" ou comandado esquema
de patrocínio na Eletrobrás.
"O ministro Edison Lobão
[Minas e Energia] tem que ter
conversado com o presidente
Sarney porque esse caso da Eletrobrás sempre teve a forte influência do presidente Sarney,
dentro da questão partidária.
Eu também vim com aval do
presidente Sarney", declarou.
"Fernando é uma pessoa
muito afável, muito legal. Eu
tenho amizade com ele e o pai.
Agora, daí a ele ter influência
aqui dentro, não. Tem amizade
aqui, tem amizade comigo.
Agora, [que tenha] feito negócio aqui, enquanto eu [sou] presidente, não fez", disse.
Segundo Muniz, o engenheiro Flávio Decat também buscou Sarney para tentar o cargo
de presidente. "Acho que,
quando Flávio tentou falar com
o presidente Sarney, é porque
foi orientado que precisava ter
o aval do presidente Sarney."
Decat, três meses depois, emplacou numa diretoria.
Para Muniz, Lobão preferiu
seu nome por razão de poder
no governo. "Se o ministro tivesse indicado Flávio [Decat], e
é leitura minha, pareceria que a
ministra Dilma [Rousseff] teria
indicado. Ela já mandava na Petrobras e iria mandar também
na Eletrobrás", disse Muniz, referindo-se à suposta preferência de Dilma por Decat.
Procurado, Decat negou que
tenha conseguido nomeação
para a diretoria na Eletrobrás
por intermediação de Sarney,
embora conte que tenha recorrido ao senador quando buscava a presidência da estatal.
"Eu estava indo para a iniciativa privada quando o ministro
Lobão me convidou para essa
função. Foi uma surpresa. Depois da indicação do José Antonio [para a presidência da Eletrobrás], nunca mais falei nem
com o presidente Sarney nem
com o filho", afirmou Decat.
O engenheiro disse que,
quando disputava a presidência
da estatal, procurou Fernando
"na linha de conhecer o pai dele". Afirmou ainda que esteve
duas vezes com o senador, tratando do cargo. "Eu o procurei
no sentido de me apresentar,
mas não tem nenhum cheiro de
negócio", afirmou.
Contatados pela Folha, Sarney e o filho Fernando não quiseram comentar o caso das nomeações nem as suspeitas de
tráfico de influência na estatal.
"Tenho me posicionado no
sentido de não comentar nenhum tipo de matéria que tem
como base inquérito sigiloso",
respondeu o filho de Sarney.
A governadora Roseana Sarney, então senadora, negou ingerência na área de patrocínio
da Eletrobrás e ter atuado em
indicações da estatal.
Anelise Pacheco, assessora
do presidente da Eletrobrás na
área de patrocínios, disse que
"não tem poder de decisão" e
que atua mais como uma "menina de recado" de Fernando
quando ele lhe procura para saber de processos de patrocínio.
(HUDSON CORRÊA, ANDREZA MATAIS E ANDRÉA MICHAEL)
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