São Paulo, terça, 25 de novembro de 1997.




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VIAGEM PRESIDENCIAL
Encontro com presidente francês não terá assinatura de acordos ou convênios; Oiapoque protesta
FHC se encontra com Chirac na Guiana

do enviado especial a Oiapoque (AP)

A visita que o presidente Fernando Henrique Cardoso fará hoje à Guiana Francesa conclui o que a diplomacia brasileira chamou de "fechar as linhas de fronteira": visitas presidenciais a todos os vizinhos importantes, de sul (Uruguai) a norte (Guiana Francesa).
Com o encontro de duas horas e meia de FHC com o presidente da França, Jacques Chirac, na cidade fronteiriça de Saint-Georges de L'Oyapock, estará concluído o trabalho que há anos o Itamaraty vem desenvolvendo para demonstrar que o Brasil tem e quer continuar a ter boa relação com seus vizinhos.
"Com essa visita conseguimos mostrar que todas as nossas relações de fronteira são de aproximação e de busca de um desenvolvimento comum", diz o ministro Marcelo Jardim, diretor-geral do Departamento da Europa do Ministério das Relações Exteriores.
Será a primeira visita de um chefe de Estado brasileiro à Guiana Francesa -que tem mais de 600 km de fronteira com o país. Do encontro não resultará nenhum convênio ou acordo, a não ser a reafirmação de que Brasil e França querem estreitar suas relações, especialmente as comerciais.
O Brasil, apesar da fronteira, é o 11º fornecedor de bens e serviços para a Guiana Francesa, perdendo até para o Japão (dados de 1996). Na pauta de exportações guianenses, o Brasil aparece como o oitavo mercado, principalmente de ouro. A Guiana Francesa é um departamento ultramarino da França.
A visita de FHC ao país está causando revolta na cidade de Oiapoque, no Amapá, localizada no extremo norte do país. Liderada pelo prefeito João Neves (PSB), a população ameaça não ir ao aeroporto recepcionar o presidente.
O prefeito quer que FHC descerre placa alusiva a sua visita, numa praça localizada a 5 km do aeroporto, e não apenas use a cidade como escala de viagem. A placa diz: "Aqui nasce o Brasil".
"Não tem explicação. O presidente vai ficar 30 minutos parado, no aeroporto, esperando para ver o povo da Guiana e não quer ver o povo brasileiro. Ele tem de encontrar o povo dele", disse o prefeito. (WILLIAM FRANÇA)


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