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Democracia traz obstáculos ao desenvolvimento, diz Lula
Petista lista questão ambiental, TCU e Ministério Público entre as dificuldades
Presidente diz que barreiras são "naturais de um regime democrático" e fala em desobstruir canais para permitir o crescimento
Flávio Florido/Folha Imagem
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O presidente Lula observa miniatura de ônibus em museu da Mercedes-Benz, em São Bernardo |
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Num discurso em que disse
trabalhar para conseguir desobstruir "os canais de desenvolvimento do país", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
colocou o Ministério Público e
as "questões ambientais" na lista dos "obstáculos" ao governo.
Lula falava a um grupo de
prefeitos que o acompanhou na
visita a Guarulhos (Grande São
Paulo), onde inaugurou parte
de um hospital. No evento, o
presidente explicou as diferenças de fazer oposição e governar. "Vocês, quando ganharam
as eleições, imaginavam que
era fácil governar a cidade.
Quando a gente é oposição está
na ponta da língua, mas quando
a gente é governo, a gente tem
que fazer as coisas e, ao tentar
fazer as coisas a gente se depara
com uma série de obstáculos
que são naturais de um regime
democrático", disse.
E passou a citar esses obstáculos: "Você se depara com as
leis, você se depara com as
questões ambientais, você se
depara com a burocracia, você
se depara com a oposição, você
se depara com o Congresso, você se depara com o Ministério
Público, com o Tribunal de
Contas da União, e com a burocracia que é pertinente à máquina pública do Brasil."
Logo em seguida, o presidente falou da sua agenda para
"destravar" e "desobstruir" os
canais que "estão impedindo
este país de ter os investimentos". "Estamos fazendo isso há
dez dias e eu quero anunciar esse processo de desobstrução do
Estado brasileiro, ainda nesse
primeiro mandato, porque eu
quero começar o segundo mandato agindo de forma mais ousada e mais forte para que a
economia brasileira tenha o desenvolvimento que todo mundo sonha", afirmou.
Na terça-feira, em Barra do
Bugres (MT), Lula disse não saber como "destravar" a economia. Ontem, no discurso, também não apontou caminhos, só
os "obstáculos". "Eu vou me dedicar até o dia 31 de dezembro
para destravar o país. Ou seja,
tem algo -e não me pergunte o
que é ainda, que eu não sei, e
não me pergunte a solução, que
eu não a tenho, mas vou encontrar- porque o país precisa
crescer", disse ele na terça.
Nesse mesmo dia, Lula já havia culpado a legislação ambiental como uma das causas
para o entrave do país, o que gerou protesto dos órgãos ligados
ao setor.
Milagre
Em referência ao seu maior
desafio para o segundo mandato, o presidente Lula deu a dimensão do que considera unir
desenvolvimento econômico
com políticas sociais. "O milagre de um segundo mandato é
combinar, de forma muito mais
forte, uma política de desenvolvimento econômico com uma
política de desenvolvimento
social, combinada a uma política educacional de qualidade para que a gente possa, com desenvolvimento, gerar renda,
gerar riqueza e gerar a distribuição dessa renda."
Lula também voltou a falar,
como fez repetidamente nos
primeiros anos de governo, da
falta de auto-estima da população. "Nós somos incapazes de
ver uma virtude do país, mas
somos capazes de ver todos os
defeitos que tem no Brasil, e este país é um país grande", afirmou ele, que começou a citar
pontos positivos do país.
"As pessoas preferem ver os
defeitos, parece que é uma coisa de auto-estima, que nós não
aprendemos a conquistar, porque também, muitas vezes, a
gente não recebe as informações corretas", afirmou.
O presidente também disse
que vai intensificar as políticas
sociais porque o "Brasil já fez
todos os sacrifícios". "O povo
brasileiro já pagou todos os pecados que cometeu. Eu me lembro do golpe militar, quando o
presidente Castello Branco
convocou o povo para dar o ouro para o bem do Brasil", citou,
antes de completar: "o povo
brasileiro precisa começar a colher um pouco de benefício do
Estado brasileiro. É por isso
que a política social será mais
forte", disse.
Hospital
O presidente esteve ontem
em Guarulhos para inaugurar a
primeira das três etapas de um
hospital construído em parceira com a prefeitura e que já funciona há três meses.
Para conclusão da obra, o
presidente afirmou precisar
ainda de R$ 7,5 milhões, que serão liberados após a contrapartida do município. Ele prometeu voltar à cidade para inaugurar o restante.
O discurso ocorreu no pátio
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) de Guarulhos, também em construção. A
cidade é administrada pelo reeleito Elói Pietá, do PT.
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