São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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"Não temos novos suspeitos da morte de prefeito", diz delegada

Ao contrário do dito pela Promotoria, Sato diz que cumpriu todos os pedidos feitos no inquérito do assassinato de Celso Daniel (PT)

Para policial, situação de Sérgio Gomes da Silva, apontado como o mandante da morte do prefeito, não muda porque ele já é réu.


LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A delegada Elisabete Ferreira Sato, que recomendou o arquivamento da segunda fase da investigação sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), afirmou ontem que, ao contrário do declarado pelo Ministério Público, ela cumpriu todos os pedidos de apuração feitos no inquérito.
"Procuramos todas as pessoas que os promotores pediram para serem ouvidas. Algumas, apesar do esforço dos investigadores, não foram encontradas. O importante é dizer que nada foi deixado de lado, ao contrário, fizemos até mais do que nos foi solicitado", afirmou a delegada do 78º Distrito Policial de São Paulo.
O relatório de Sato, que informou não ter reunido provas suficientes contra novos membros da quadrilha que seqüestrou e matou Daniel, irritou os promotores de Santo André.
Segundo a Promotoria, de 16 pedidos, a policial cumpriu apenas seis. Ficou de fora uma solicitação de quebra de sigilo de 34 telefones que poderia levar aos responsáveis pelo cativeiro de Daniel.
"Isso não é verdade. Quando anexei ao inquérito o pedido de quebra de sigilo que me foi recomendado por um investigador, eu estava dando ciência ao juiz sobre a necessidade da medida. Não preciso formalizar se o pedido está no processo."
A Promotoria, no entanto, disse que, diante da ausência de um pedido formal da delegada, remeteu ao juiz Luiz Fernando Migliori Prestes, responsável pelo processo de homicídio do prefeito, uma solicitação para que os dados telefônicos, que seriam apagados em fevereiro de 2007, fossem preservados. A medida foi aprovada pelo juiz.

Gomes da Silva
A delegada Sato afirmou ontem que seu relatório não isenta o ex-segurança Sérgio Gomes da Silva, que já é réu no processo como suposto mandante da morte de Daniel, em janeiro de 2002.
"Entrei no caso para investigar novos possíveis mandantes, mas não conseguimos reunir provas suficientes para acusar outras pessoas. No caso do Sérgio [Gomes da Silva], a Justiça já aceitou a denúncia do Ministério Público, ele já foi interrogado como réu. Não teria sentido investigá-lo novamente."
Gomes da Silva nega ter qualquer participação no crime.
Sato afirmou ainda que, se o juiz ou o Ministério Público entenderem que existe a necessidade de novas apurações, ela irá prosseguir no caso.
As brigas entre promotores e polícia marcam o caso. O primeiro inquérito policial, concluído em 2002, apontou crime urbano (sem a intenção premeditada de matar Daniel). Inconformada, a família do petista recorreu à Promotoria, que reabriu o caso e concluiu que o crime ocorreu após o desarranjo de uma quadrilha que desviava dinheiro público.
Em 2005, após a suspeita de novos participaram do crime, a família pediu a ajuda da polícia. Foi quando Sato assumiu a segunda fase da investigação.
Após um ofício, enviado por promotores, criticando o relatório da polícia, o juiz Prestes, da 1ª Vara da Comarca de Itapecerica da Serra, saiu em sua defesa de Sato. "Parecem-me injustas as críticas formuladas pelos promotores à respeito da delegada pois, efetivamente, numa primeira visão deste volumoso inquérito policial, nada de útil foi apurado ou acrescido ao que já existe, contudo, melhor análise se fará se prosseguirem as investigações."
O procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, disse ontem que confia e apóia o trabalho dos promotores.


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