São Paulo, quarta, 25 de novembro de 1998

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Perda foi dolorosa, afirma presidente

da Sucursal de Brasília

Durante reunião com líderes do PFL, do PMDB e do PSDB, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que foi "doloroso" perder três dos seus principais auxiliares.
FHC se referia à demissão do ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações), do secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, José Roberto Mendonça de Barros, e do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), André Lara Resende.
Os três pediram demissão após a divulgação de conversas telefônicas grampeadas que levantaram a suspeita de que teria havido interferência do governo no leilão do Sistema Telebrás.
Segundo líderes que participaram da reunião, na manhã de ontem, o presidente não fez reparo nenhum aos atos dos três.
FHC disse que os irmãos Mendonça de Barros e Lara Resende são "tecnicamente muito preparados".
² Aliados poupados
Segundo líderes, o presidente também não fez críticas diretas ao comportamento no episódio dos partidos aliados ao governo.
Um líder contou que, no final do encontro, FHC reagiu ao comentário de um dos presentes, segundo o qual "agora estão querendo canonizar os três".
De acordo com esse líder, o presidente respondeu: "É bom que canonizem mesmo".
O presidente voltou a afirmar que vai criar o Ministério da Produção, conforme anunciou em discurso realizado após sua vitória nas eleições de outubro.
FHC disse que a "idéia está pronta", embora ainda não esteja completamente formatada. Afirmou ainda que não vai criar o novo ministério porque algum partido o queira, mas porque o considera bom para o país.
² Responsabilidade exclusiva
A criação do Ministério da Produção foi criticada pelo PFL, o maior partido da base governista no Congresso. O nome mais cotado para assumi-lo era o de Luiz Carlos Mendonça de Barros.
"O presidente disse que o ministério vai ser preenchido por ele, no momento devido, e a escolha será de exclusiva responsabilidade dele", afirmou o líder do governo na Câmara dos Deputados, Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
O PSDB continua apostando que o futuro ministro da Produção será uma pessoa ligada ao partido.
"O PSDB não indicou o Mendonça de Barros para as Comunicações, mas o presidente escolheu alguém do partido", afirmou o presidente do PSDB, senador Teotonio Vilela Filho (AL).
Os tucanos ficaram mais tranquilos com a escolha do ministro para a nova pasta depois de um encontro entre o ministro José Serra (Saúde) e FHC, anteontem à noite, na Base Aérea de Brasília.
Na defesa do novo ministério, o presidente afirmou que o país precisa de um instrumento que cuide especificamente da geração de empregos e da organização produtiva brasileira.
(LD, DM, e LV)



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