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Cuba se iguala a Haiti como destino de ajuda brasileira
Doações em alimentos a países de América Latina, África e Ásia totalizam R$ 70 mi
Entre os sul-americanos, Bolívia e Paraguai estão entre os que mais recebem apoio humanitário do Brasil em caráter emergencial
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Lula tem destinado a maior parte da assistência
humanitária internacional à
América Latina, onde Cuba e
Haiti surgem como principal
destino das doações de alimentos. Segundo levantamento da
Folha na Conab (Companhia
Nacional de Abastecimento),
no Ministério da Saúde e no
Itamaraty, a assistência de caráter emergencial a países da
região supera 50 mil toneladas.
Só de gêneros alimentícios, o
Brasil doou o equivalente a R$
67,4 milhões. Para comparação, a cifra corresponde ao 1,07
milhão de benefícios do Bolsa
Família (R$ 62 -valor básico).
Procurado pela reportagem, o
Ministério da Saúde não informou os valores gastos com medicamentos e vacinas para assistência internacional. O Itamaraty também não disse
quanto repassou a embaixadas
para aquisição de ajuda local.
Em 2007, o governo criou o
Grupo de Trabalho Interministerial de Assistência Humanitária (Giahi), coordenado pelo
Itamaraty. Mas o ministério
não possui informações detalhadas, nem anteriores a 2006.
A análise dos dados da Conab
mostra uma curva crescente
nos montantes de ajuda internacional a partir do segundo
ano do primeiro mandato de
Lula, atingindo nível recorde
em 2008. O salto histórico nos
patamares de assistência neste
ano foi alavancado pela medida
provisória 444/08.
O texto, autorizando a doação recorde de 45 mil toneladas
de arroz, 2.000 de leite em pó e
500 kg de sementes de hortaliças, foi aprovado pelo Senado
às vésperas do recesso e durante a visita do presidente cubano, Raúl Castro. Além de Cuba,
com 15.000 toneladas, foram
beneficiados Haiti (15.000), Jamaica (5.000) e Honduras
(5.000). A última temporada de
furacões no Caribe deixou destruição nesses países.
Na ilha dos irmãos Castro, os
furacões deixaram 200 mil pessoas desabrigadas e prejuízo de
US$ 8,6 bilhões, segundo cifras
oficiais. Antes mesmo da aprovação da MP, o governo Lula
autorizou a entrega de 1.500 toneladas dos estoques da Conab
em Porto Alegre. Os cubanos já
haviam recebido em setembro
uma remessa de cestas básicas,
num total de 14.580 kg.
O superintendente de Programas Institucionais e Sociais
de Abastecimento da Conab,
João Cláudio Dalla Costa, explicou que a maior parte dos
alimentos que compõem os estoques humanitários provém
da agricultura familiar. "As
ações humanitárias internacionais têm a finalidade de prevenir e mitigar países em situações de emergência", afirma.
Desde que Raúl substituiu
Fidel e deu início a um processo gradual de abertura do regime, Cuba entrou na lista de
prioridades da política externa
brasileira. Nos primeiros três
trimestres do ano, o comércio
bilateral cresceu 58%, atingindo US$ 483 milhões.
Haiti
O país mais pobre das Américas, que também tem sofrido
com a passagem de furacões,
era até agora o líder nas remessas brasileiras. Com a última
doação do governo, o total em
assistência alimentar é quase
15.600 toneladas. Desde 2004,
o Brasil comanda a frente militar da missão de paz das Nações
Unidas e auxilia na recuperação econômica.
Para o governo, as medidas
ajudam na projeção internacional do país. "Temos que fazer
mais. A Espanha destina 2 bilhões por ano em cooperação
com países pobres. Generosidade aqui é entendida como
fraqueza. Mas os que criticam
praticaram a subserviência",
afirma o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Entre os principais destinos
da ajuda alimentar e médica na
América do Sul estão Bolívia e
Paraguai. Em fevereiro de
2006, a FAB levou 14.075 kg de
alimentos para 13 mil famílias.
O apoio humanitário não impediu o presidente boliviano,
Evo Morales, de ocupar militarmente a Petrobras três meses depois. Já os paraguaios
têm recebido medicamentos e
vacinas. Em outubro também
houve entrega de alimentos
-28.014 kg. Além do apoio, o
Brasil financia projetos de infra-estrutura no Paraguai. Mas
o presidente Fernando Lugo
quer mais, e ameaça não pagar
a dívida de R$ 19 bilhões relativa à hidrelétrica de Itaipu.
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